O telefone vibrou mais uma vez sobre o console do carro, rompendo o silêncio da noite como um sussurro urgente. Victor, recostado no banco de couro, lançou um olhar preguiçoso para a tela. "Valentina: 21 chamadas não atendidas."
Havia um sorriso contido, quase infeliz, brotando em seus lábios.
— Que gracinha… — suspirou, com certa ironia. — Minha amada já começou a surtar.
Ao lado dele, Lorenzo dirigia com firmeza pela estrada de barro, com os olhos fixos na estrada que cortava as sombras do campo. O contraste entre o homem de terno violeta impecável e o ambiente decadente era quase cênico: árvores, galhos secos, mata rasteira e neblina rastejante.
— Ela descobriu a sua farsa? — Perguntou, sem tirar os olhos da pista.
— Acho que não. Mas já deve estar farejando algo. O desespero dela me diverte.
Lorenzo arqueou a sobrancelha e esboçou um sorriso, satisfeito.
— É perigoso brincar com uma mulher tão esperta quanto a sua.
Victor soltou uma risada breve, sarcástica.
— Justamente, por iss