Quando Ícaro encarou Vitório nos olhos, havia respeito ali, um respeito profundo, quase reverente, e também a aceitação dolorosa de que nada do que acreditavam sobre o passado permaneceu intacto.
Alberto, por outro lado, parecia à beira de uma combustão. O corpo rígido, o maxilar travado com tanta força que um músculo pulsava em sua têmpora, os punhos cerrados sobre as coxas como se precisasse se conter para não quebrar algo, ou alguém.
A revelação não apenas rasgou feridas antigas; ela reorganizou todo o eixo de quem ele era. Um bastardo, que era gêmeo, quase sequestrado, mas que foi protegido por uma desconhecida e amado por seu pai desde que soube que ele crescia no ventre de sua mãe.
Tudo ao mesmo tempo, em um turbilhão que o deixou ainda mais introspectivo.
Havia ódio faiscando em seu olhar escuro, como se o verde desaparecesse completamente.
Mas também havia algo que fazia Vitório se conter, em tentar confortá-lo. Alberto nunca se esqueceria da família que construiu, a vida