Beth
O silêncio que pairava entre eles parecia feito de vidro fino demais para suportar o peso do que estava prestes a ser dito, mas presente o suficiente para cortar qualquer movimento em falso. Ela não estava segura de sua aparência, sabia que tinha perdido muito peso ultimamente, e que sua tristeza tinha deixado marcas bem visíveis.
Lucy tinha ajudado a se arrumar e se maquiar. Tanto ela, quanto Vitório a elogiaram, mas não conseguia se sentir bonita, do tipo mulherão que abala as estruturas de um homem como Hans.
Beth permanecia sentada à mesa estreita, que mantinha pouco espaço entre eles, com o ligeiro tremor ainda surtindo efeito em todo o seu corpo. As mãos unidas no colo, os dedos trêmulos como folhas levadas pela corrente. O aroma suave do suco de framboesa que pediu, subia em espirais tímidas entre eles, contrastando violentamente com a tempestade que crescia por dentro dela.
Hans permanecia do outro lado da mesa, rígido como se estar ali fosse a coisa mais difícil que já