Eduardo
O vidro espelhado da fachada refletia a cidade chuvosa quando Eduardo empurrou a porta giratória do edifício-sede. O nó na garganta persistia desde a cafeteria. Tinha feito o que julgava necessário - mas o olhar de Vivian continuava grudado nele, como uma sombra impossível de afastar.
Respirou fundo, ajeitou a gravata e entrou no elevador. O executivo impecável estava de volta.
Gustavo apareceu minutos depois em sua sala.
- Onde você se meteu ontem? - perguntou num tom casual, mas os olhos estavam atentos. - Saiu correndo como se fosse apagar incêndio.
Eduardo relaxou na cadeira, puxando uma pasta de relatórios como se nada fosse.
- Eu te devo satisfação agora? - desviou. - Me fala dos preparativos para a abertura do capital. Quero detalhes.
Era a desculpa perfeita - e precisava acreditar nela tanto quanto queria que o resto do mundo acreditasse.
O amigo sorriu.
- Está andando bem. O marketing das doações foi um acerto. A credibilidade do Grupo subiu muito. - Fez uma pausa