Oito

Eduardo

No escritório envidraçado da presidência, Eduardo afastou o relatório e pegou a xícara de café recém-deixada na mesa. Deu um gole e quase cuspiu de volta. O gosto era amargo demais, metálico, quase intragável.

- Que porcaria é essa? - resmungou, chamando Marcos com o olhar.

O assistente pigarreou.

- Senhor Braga, chegou um e-mail da senhora Braga. Pedido formal de demissão, com efeito imediato. Era sempre ela quem preparava o café... tinha um jeito especial... - calou-se ao notar a expressão do chefe. - Vou providenciar outro café imediatamente.

Eduardo pegou o celular por reflexo, como se esperasse encontrar ali uma mensagem dela, uma explicação. Nada. Apenas a tela fria.

Sentou-se na cadeira de couro e, pela primeira vez em muito tempo, reparou nas pequenas ausências. A agenda do dia estava organizada, mas sem as pausas estratégicas que Vivian sempre encaixava para que ele respirasse entre um compromisso e outro. Mais tarde, ao sair de uma reunião interminável, sentiu o peso
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