Ao concluir meu depoimento na delegacia, já me encaminhava para a saída quando esbarrei na silhueta do tio de Arthur bloqueando a entrada. Pelo olhar devastado, era óbvio que já tinham lhe dado a notícia.
Um riso cortante lhe escapou ao me avistar, cada sílaba pingando veneno:
— Que palhaçada sem graça! Armou todo esse teatro, chegou a subornar agentes públicos para sustentar sua farsa?
Mantive os olhos fixos no chão de cimento gelado, respondendo em tom monocórdio:
— Acha mesmo que tenho influência para comprar policiais e orquestrar pantomimas? Os corpos dos meus sogros já estão no IML. Melhor correr para avisar Arthur.
A menção ao agente de uniforme que me acompanhava fez sua tez adquirir a tonalidade de giz.
— Para com essa... Com essa brincadeira de mau gosto! Isso não tem graça. — Ele empalideceu de repente e disse com voz trêmula. — Bruna, confessa que é mentira! Eu juro que não vou te denunciar!
Observei impassível o homem se desintegrando como areia movediça. Quando abri a b