AIYANA
O quarto era pequeno, com paredes revestidas de madeira escura e o teto tão baixo que me senti enclausurada. Um único abajur emitia uma luz âmbar, criando sombras nas rachaduras da parede. Larguei minha mochila ao pé da cama e suspirei, esfregando o rosto com as mãos ainda sujas de terra e sangue seco.
Isabela entrou alguns segundos depois, batendo a porta com menos força do que eu esperava. Não disse nada. Apenas se encostou na parede oposta, os braços cruzados sobre o peito, uma barreira. Seus olhos me examinaram.
— Você acha que ele vai escolher você, não é? — ela disse enfim, sem rodeios.
Virei devagar na direção dela, encostando no batente da janela, o vidro embaçado por dentro e sujo por fora.
— Não estou competindo, Isabela — respondi. — Nunca estive.
Ela bufou, descrente.
— Claro que não. Por isso ele vive te olhando como se você fosse o centro do maldito universo, né?
Mordi a língua. Senti algo se retorcer no fundo do peito, um puxão, uma lembrança viva do que ainda nã