Andrew Annenberg não é apenas um CEO cobiçado e dono do maior canal de entretenimento da América Latina; ele é também um verdadeiro "fabricante de corações partidos". Para ele, o amor é uma ilusão - o que realmente importa são o dinheiro e a fama. Estar nas manchetes e sob os holofotes alimenta seu ego a cada dia. Mas, ao decidir lançar um novo reality show onde seu próprio coração será o prêmio, o CEO egoísta e narcisista se depara com Laura Valença: uma mulher simples, mas com opiniões fortes e um coração blindado. Laura não é apenas bonita, mas também tem um caráter firme e um segredo que ameaça não só seu emprego, mas também seu coração. Sua vida vira de cabeça para baixo quando ela se vê forçada a assumir a identidade de uma celebridade fictícia, Isla Frost, criada por ela mesma em uma brincadeira com seu melhor amigo. Mas quando Isla é escolhida para participar do reality com Andrew, Laura começa a perder o controle sobre sua própria vida. À medida que se transforma na mulher que Andrew deseja, ela descobre que a linha entre a mentira e a verdade pode ser muito mais tênue do que imaginava. Agora, em um jogo onde o prêmio é o amor, Laura terá que enfrentar não apenas seus próprios sentimentos, mas também o ego de Andrew. Entre o coração ferido e o coração egoísta, quem sairá vencedor?
Leer másParte 1: Entre o Amor e a Mentira
O mundo de Andrew Annenberg parecia um palco infinito. Um lugar obscuro, repleto de estranhos que acreditavam conhecê-lo intimamente, baseando-se apenas em matérias de revistas, entrevistas e aparições no seu canal de televisão. Para eles, a imagem pública que ele projetava era suficiente para definirem quem ele era. O segredo de seu sucesso, ele bem sabia, residia na ilusão de proximidade. O público acreditava que, ao consumir entretenimento, estava conhecendo verdadeiramente outro ser humano. Quantas vezes ele havia notado como as mulheres se apaixonavam por personagens de séries e filmes? Para Andrew, tudo girava em torno disso: fazer o público acreditar na autenticidade do espetáculo. E, para o seu público, ele era o homem perfeito. Na penumbra de seu luxuoso quarto, Andrew encarava o próprio reflexo com a confiança de quem controlava todos ao seu redor. Seu sorriso largo e atraente, os olhos em tom de amêndoa, levemente puxados e sempre vigilantes, transmitiam uma sedutora autoconfiança. Os fios negros de cabelo, alinhados para trás com perfeição, revelavam uma pinta charmosa abaixo do olho direito — um detalhe que ele sabia ser irresistível para quem o admirava. Andrew não acreditava em compromissos sérios. Sua regra era simples: três encontros, e nada mais. Foi assim que ganhou o apelido de "Fabricante de Corações Partidos". Nunca se envolvia a ponto de deixar brechas, pois sua verdadeira paixão era sua carreira. Como o CEO mais influente da indústria do entretenimento da América Latina, seu coração pertencia à empresa. Depois de ajeitar o paletó no espelho, ele saiu de casa e entrou no interior sofisticado de seu BMW. O ronco suave do motor preenchia o silêncio enquanto ele dirigia pelo trânsito caótico de São Paulo. Poderia contratar um motorista, claro, mas Andrew apreciava a sensação de controle que o volante lhe proporcionava. Não era apenas sobre o luxo; dirigir o mantinha centrado em meio ao turbilhão de sua rotina. Chegando ao prédio da emissora Wewatch, ele estacionou na vaga reservada e seguiu em direção à entrada principal. O edifício era moderno, com paredes de vidro que refletiam a cidade frenética ao redor. Assim que passou pelas portas automáticas, uma equipe de assessores veio em sua direção, e à frente deles estava Estela Lemes, sua secretária pessoal. — Bom dia, senhor Annenberg — cumprimentou Estela, entregando-lhe um café ainda fumegante. Ela era eficiente, sempre a postos, acompanhando seu ritmo como uma sombra silenciosa. — Bom dia a todos — respondeu ele, com um aceno. — Em dez minutos, nos encontramos na sala de reuniões principal. Quero os relatórios completos dos últimos programas. Enquanto os assessores dispersavam, Andrew dirigiu-se ao seu escritório. Era um espaço elegante, com uma imensa mesa de mogno, estantes repletas de prêmios, e uma parede de vidro que oferecia uma vista privilegiada dos setores da emissora. Ali, ele se sentia um general supervisionando seu império. Pouco depois, Estela reapareceu para avisar que todos o aguardavam na reunião. Andrew levantou-se e caminhou até a sala principal. Ao entrar, mais de quarenta pessoas estavam à sua espera, todas em silêncio, observando-o com apreensão. Ele ocupou a cadeira central da imensa mesa oval, sua postura imponente deixando claro que ali, ele era a autoridade máxima. — Bom dia — começou ele, com um olhar penetrante. — A razão dessa reunião de emergência é a repercussão negativa da nossa nova série. Ele fez uma breve pausa, analisando as expressões tensas à sua volta. — O terceiro episódio teve uma audiência muito abaixo do esperado. Precisamos agir rápido, ou perderemos credibilidade. Quero soluções. O silêncio que se seguiu foi perturbador. Andrew tamborilou os dedos na mesa, a irritação crescendo. — Meu Deus, quarenta pessoas e ninguém tem uma ideia sequer? — disparou ele, arqueando a sobrancelha. Os olhares se desviaram, e ele reprimiu um suspiro frustrado. — Muito bem. Vamos mudar o horário de exibição e encontrar um espaço diferente na grade. — Mal terminou a frase, um dos diretores levantou a mão. — Senhor, e o que colocaremos no lugar dela? — questionou, hesitante. — Não temos espaço disponível — acrescentou uma assistente, de forma cautelosa. Andrew estreitou os olhos, irritado. — Vocês tiveram duas semanas para se preparar e não trouxeram nada? — Ele se levantou, impondo sua presença sobre a mesa. — Vocês têm mais uma semana para apresentar soluções. Estão dispensados. Deixou a sala sem dar chance para réplicas, passos firmes ecoando pelo corredor. Seus pensamentos fervilhavam. Era ele quem sempre mantinha o canal de pé, enquanto a equipe esperava que tudo caísse em seu colo. De volta ao escritório, afundou-se na poltrona voltada para a parede de vidro. A paisagem lá fora parecia distante, refletindo a complexidade de sua mente. Não era fácil sustentar uma emissora. A queda de audiência significava perda de patrocínios, e isso poderia levar o canal ao colapso rapidamente. Foi interrompido por uma batida leve na porta. Estela entrou, seguida por uma mulher. — Senhor Annenberg, esta é Laura Valença, assistente do senhor Mendes. Ela tem uma ideia para o nosso problema. Laura entrou com passos hesitantes. Tinha um ar exausto: os cabelos presos em um rabo de cavalo frouxo, manchas de cansaço ao redor dos olhos e óculos grandes que pareciam não combinar com seu rosto. — Senhor Annenberg, é um prazer conhecê-lo — disse Laura, com um leve tremor na voz. — A nossa proposta é um reality show ao vivo chamado Love Behind the Screen — em português, Amor por Trás da Tela. A ideia é juntar um famoso com pretendentes influentes e bem vistas pelo público. Andrew leu a proposta com interesse crescente. Era uma aposta ousada, mas promissora. — Parece interessante. E quem será o participante principal? — O senhor — respondeu Laura, com simplicidade. Ele ergueu as sobrancelhas, surpreso. — Eu? Por quê? Laura enumerou as razões com calma. — Primeiro, o senhor é extremamente conhecido. Isso atrairá pretendentes de toda a América Latina. Segundo, sua influência garantirá patrocínios fortes. E terceiro... o senhor é bonito. Andrew reprimiu um sorriso, ciente de que ela tinha razão. A ideia era vantajosa, e ele adorava estar no centro das atenções. — Está bem — concordou ele, devolvendo a pasta. — Preparem tudo. Não preciso participar da seleção das candidatas, confio em vocês. Quando Laura se virou para sair, tropeçou em um degrau e quase caiu, mas segurou-se na parede a tempo. Andrew conteve uma risada, observando-a desaparecer pelo corredor. Sozinho novamente, ele sorriu para si mesmo. Em breve, ele seria o protagonista de um novo espetáculo. E, como sempre, ele seria perfeito no papel.Alguns meses se passaram desde que Laura e Andrew haviam finalmente se entregado ao que realmente sentiam. O tempo, de alguma forma, havia curado as feridas do passado e permitido que os dois se reconciliassem com seus próprios sentimentos. Laura, que antes havia se perdido na mentira e no peso de seu próprio fardo, agora estava mais forte, mais centrada e mais confiante do que nunca. Ela voltou para o canal, mas não como a mulher que um dia havia sido recrutada para ser uma das participantes de um reality show, nem como a figura mascarada de Isla. Ela voltou como ela mesma, uma mulher que havia aprendido a se reinventar e a abraçar suas imperfeições.Agora, Laura ocupava o cargo de roteirista principal do canal, um papel que parecia inatingível nos primeiros dias em que chegou ali, mas que ela conquistou com muito esforço e talento. O peso da responsabilidade era grande, mas a satisfação de finalmente esta
Laura respirou fundo, sentindo uma mistura de nervosismo e alívio. Ela já não podia mais carregar tudo aquilo dentro de si. Olhou nos olhos de Andrew, seu coração acelerado, e foi ali, naquele momento, que a verdade finalmente encontrou um caminho para sair.— Andrew... — Ela começou, a voz trêmula, mas determinada. Ele a observava com uma intensidade silenciosa, sem interromper. — Eu preciso te contar algo importante, algo que talvez você já tenha percebido, mas eu preciso dizer em voz alta.Ela engoliu em seco, seus dedos se apertando em suas mãos, buscando uma força que ela já sabia que não teria, mas precisava tentar.— No restaurante, com o Rafael, eu disse a ele que não havia nada além de amizade entre nós, porque... porque o meu coração, Andrew, pertence a você. Não é nada al&ea
O restaurante era um lugar sofisticado, com luzes amareladas pendendo de lustres minimalistas que criavam uma atmosfera acolhedora. As mesas eram cobertas por toalhas de linho branco impecável, contrastando com as cadeiras de madeira escura polida. O aroma suave de pratos recém-preparados se misturava com o som de conversas baixas e o tilintar ocasional de talheres.Laura, sentada em frente a Rafael, estava visivelmente inquieta. Seus dedos brincavam com o guardanapo de tecido, dobrando-o repetidamente enquanto seu olhar oscilava entre o rosto dele e a mesa. Sua respiração era superficial, um claro sinal de ansiedade, mas ela tentava manter a compostura.Rafael, por outro lado, parecia calmo, mas sua expressão entregava uma leve tensão. Embora ele sorrisse, seus olhos fixos em Laura mostravam que ele sabia o peso da conversa. Ele inclinava-se um pouco na cadeira, atento a cada palavra dela, com as mãos repousando sobre a
Laura sabia que, em algum momento, teria que enfrentar Andrew novamente. Desde que pediu demissão da emissora, evitou qualquer contato com o mundo que ele habitava, focando em reconstruir sua vida longe das sombras do reality show. No entanto, o destino parecia ter outros planos para ela. O reencontro aconteceu de maneira inesperada. Laura estava em uma cafeteria no centro da cidade, a mesma onde costumava ir para escrever suas ideias e fugir dos olhares curiosos que ainda a seguiam ocasionalmente. Ela estava distraída, perdida entre rabiscos em seu caderno e goles de café, quando ouviu aquela voz familiar. — Não imaginei que você ainda viesse aqui. Seu corpo enrijeceu instantaneamente. Ela ergueu os olhos e viu Andrew parado à sua frente, com as mãos nos bolsos e uma expressão que misturava surpresa e cautela. Ele estava tão impecável como sempre, mas havia algo dife
Os meses que seguiram o final do reality show foram uma mistura de alívio e desconforto para Laura. A intensidade das críticas que a inundaram no início começou a diminuir, mas os comentários sobre sua confissão e o impacto que teve no programa continuavam vivos. Apesar disso, ela sentia que, aos poucos, o público estava começando a enxergá-la como uma pessoa de verdade, não apenas como a mulher por trás da ilusão de Isla. Laura havia optado por se distanciar do mundo do entretenimento e, especialmente, de Andrew. Não era por falta de sentimentos; ela sabia que ele ainda ocupava um lugar especial em seu coração. Mas a frieza com que ele a tratara após a revelação e o peso de tudo que tinham vivido juntos a fizeram perceber que precisava de espaço para se curar. Rafael, no entanto, estava sempre por perto. Ele se tornou sua &
Era a noite do último episódio do reality show, e Laura sabia que não podia mais adiar o que precisava ser feito. O evento ao vivo estava no auge, com luzes brilhantes, uma plateia animada e milhões de espectadores assistindo em casa. Vestida como Isla pela última vez, ela sentia o peso da escolha que havia tomado.Nos bastidores, Rafael a observava com preocupação. — Tem certeza disso, Laura? — ele perguntou, segurando suas mãos firmemente. — Você sabe que pode acabar perdendo tudo.Laura respirou fundo, tentando acalmar o coração acelerado. — Não foi por isso que começamos, Rafa. Eu nunca quis que as coisas chegassem a esse ponto. Eu criei Isla bêbada, numa brincadeira boba, porque achei que nunca teria chances reais. Quando percebi que o perfil tinha sido escolhido, entrei em pânico. Mas, ao invés de admitir o
Último capítulo