O ringue foi montado no centro do ginásio como se fosse altar de guerra. Luzes brancas tremulavam no teto, girando sobre a multidão que vibrava sem parar. A arquibancada parecia tremer com a batida dos tambores improvisados. Era grito, buzina, lata batendo, palma ritmada. Era fé no punho do vizinho.
Zé do Gás, com uma bandana do Raízes amarrada na cabeça e microfone na mão, rugia como se fosse o próprio Galvão:
— SENHORAS E SENHORES, DAMAS E VAGABUNDOS... O PRIMEIRO COMBATE DA COPA TÁ NA PISTA!
Dois refletores se cruzam. O nome dos lutadores aparece no telão improvisado: BINHO x PARAIBINHA.
— DE UM LADO, O DISCIPLINADO, O MENINO DE AÇO, O FILHO DO RAÍZES... BINHO!
A torcida explode. Criança no ombro do pai, mulher batendo panela, Mariana aos gritos com uma corneta de plástico.
— E DO OUTRO, O CARA QUE MASTIGA PARAFUSO NO CAFÉ DA MANHÃ, O TANQUE DO PARAFUSO... PARAIBINHA!
A galera do Complexo Parafuso pula com tambores de escola de samba, só que batendo com martelo de verdade nas caixa