As duas estavam sentadas na mesa da sorveteria, o barulho das conversas ao redor e o som das colheres batendo nas taças de sorvete quase imperceptíveis diante do silêncio que pairava entre elas. Julia mexia no sorvete, sem realmente comê-lo, perdida em seus pensamentos.
Pérola observou sua amiga em silêncio por um momento, sentindo a dor que emanava dela. Finalmente, ela falou, suavemente: — Eu sei que o sonho foi muito forte, mas não é sua culpa, Julia. Você não pode carregar o peso disso sozinha. Julia olhou para o copo, com os olhos marejados. Sua garganta estava apertada, as palavras pareciam não sair. — Eu deveria ter feito mais por ela, Pérola. Ela era só uma criança, e eu não consegui protegê-la. Como pude ser tão fraca? Pérola não hesitou. Ela colocou a mão sobre a de Julia, apertando-a com carinho. — Você não foi fraca. Não se trata de fraqueza, mas de coisas que estão fora do nosso co