Julia olhava o chão se aproximar pela janela do avião. Sentiu o estômago embrulhar, um nó na garganta. Apertou com força a perna de Otto, que gentilmente segurou sua mão.
Flashs de tudo o que viveu a fizeram tremer por dentro; seus olhos se encheram de lágrimas.
— E a Patrícia? — perguntou, finalmente.
— Eu não falo com minha mãe há meses. Nem com ela, nem com meu pai, pra falar a verdade. — respondeu Otto.
— Como chegaram a isso? — perguntou, sem tirar os olhos da janela.
— Qualquer um que vá contra você estará indo contra mim também. — falou suave, mas firme.
— Ela é avó da nossa filha.
— E estava pondo na cabeça dela que você tinha abandonado a gente. Então não, Julia, eu não iria permitir que ela mantivesse contato com a nossa filha.
— Éramos tão unidos... — lamentou.
Julia se sentiu culpada. A relação de Otto com os pais era linda; ela não conseguia imaginar que um dia eles nem se falariam mais. Mas, por outro lado, como pôde acreditar que tivesse abandonado a própria família?
Ju