Aurora Dunker
As horas se arrastaram como séculos. Não sabia se era dia ou noite, mas descobri coisas que preferia nunca ter ouvido. Todos ali eram traidores da máfia Ivankov ou prisioneiros vindos de Belmia, meu país.
O frio me corroía os ossos, e o chão gelado grudava nas minhas costas. Eu não conseguia dormir. Apenas fechava os olhos, esperando que o tempo passasse… mesmo sabendo que cada minuto me aproximava mais da morte.
Quando os guardas entraram, não foi para nos alimentar, mas para arremessar comida como se fôssemos animais. Um pedaço de pão duro e um pouco de água em um recipiente que parecia um bebedouro de cães.
“Podem soltar o nó dos meus pulsos?” pedi, com a voz rouca.
O homem riu e me ignorou.
“Ei” insisti. “Não consigo mover as mãos.”
“Então vai comer como cachorro” debochou.
Meu estômago rugiu, mas o cheiro mofado do pão me enjoou. Apoiei as costas na parede, fechei os olhos e tentei me imaginar em qualquer lugar longe dali.
“O que foi?” zombou o mesmo guarda, parado