A brisa mudou primeiro. Trouxe o sal na língua, um hálito de azeite fresco e a fumaça mansa das lareiras que o vento espalhava como se estivesse abençoando a terra. A caravana sentiu antes de ver: Nápoles estava perto. Os cavalos ergueram as orelhas, as crianças se remexeram sob as mantas, os soldados da marcha ajustaram o corpo ao arreio e endireitaram o queixo como quem entra em território de pergunta. O sol descia por trás das oliveiras e fazia dos muros baixos um tabuleiro de sombras.
— Aqui — disse o pai de Baran, apontando com a mão firme para um trecho de terreno abrigado por um mureto de pedra e duas figueiras. — Vamos acampar aqui.O Gitano confirmou com um gesto curto, o olhar varrendo os quatro cantos como quem mede um quarto antes de entrar. Havia ali o que precisavam: água de uma fonte que cantava perto, um brasido antigo no solo, fácil de reacender, e distância suficiente da estrada para não chamar curiosidade. As carroças foram se abrindo em meia-lua