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(Dubai – 48 horas depois)

Acordei com a boca seca e o corpo dolorido em lugares que eu nem sabia que podiam doer. A cama ao meu lado estava vazia, mas o cheiro dele ainda impregnava os lençóis – madeira nobre, uísque caro e sexo. Muito sexo.

Estiquei o braço para o celular na mesa de cabeceira, ignorando as mensagens do trabalho e as três ligações perdidas da minha sócia. **19h27.** Passei o dia inteiro dormindo.

*Maldito Luca Domani.*

O apartamento dele era silencioso, apenas o zumbido distante da cidade lá fora. Levantei-me, envolvi-me no lençol e segui os vestígios de nosso frenesi noturno – meu vestido vermelho rasgado perto da porta, sua camisa abotoadura destruída na escada espiral que levava ao andar inferior.

*Deus, o que foi que eu fiz?*

Foi então que o vi.

Luca estava na varanda, de costas para mim, apenas de calça jeans abotoadas de qualquer jeito. O sol poente pintava seu torso musculoso de dourado, destacando cada cicatriz, cada tatuagem discreta.

*Perigo.*

Ele virou-se antes que eu pudesse me esconder, um copo de whisky na mão, os olhos escuros.

— *Dormiu bem?* — perguntou, a voz rouca de cigarro e noites sem dormir.

— *Como um anjo.* — Mentira. Sonhara com ele. Com *isto*.

Seus lábios curvaram-se num sorriso lento, predatório.

— *Você grita como um anjo também.*

Meu rosto queimou. Lembrei-me da noite passada – da forma como ele me dobrara sobre a varanda, como eu implorara em italiano sem nem saber o que as palavras significavam.

— *Preciso ir.* — Virei-me, mas seu braço envolveu minha cintura antes que eu desse dois passos.

— *Não tão cedo.* — Seus dentes cerraram meu ombro, *marcando*. — *Ainda não te mostrei a jacuzzi.*

**Era uma armadilha.**

Eu sabia. Ele sabia. Mas quando suas mãos desceram pelo lençol, encontrando meu corpo ainda sensível, minhas pernas traíram-me, abrindo-se.

— *Luca...*

— *Shh.* — Ele virou-me contra a parede de vidro, o corpo quente pressionando o meu. — *Desta vez vai ser devagar. Vou te fazer sentir cada segundo.*

E ele cumpriu a promessa.

A água borbulhante cobria-nos até a cintura, mas nada podia esconder o que ele me fazia. Luca sentado, eu montada sobre ele, *tomando* cada centímetro com uma paciência que me levava à loucura.

— *Assim...* — ele murmurou, suas mãos firmes em meus quadris, controlando cada movimento. — *Deixa eu te ver.*

A lua iluminava meu corpo enquanto eu me movia sobre ele, devagar demais, doce demais. Seus olhos nunca deixaram os meus, verdes e hipnóticos como o mar antes de uma tempestade.

— *Você é tão perfeita assim* — ele rosnou, seus dedos apertando minha pele. — *Toda molhada por mim.*

Eu não respondi. Não podia. Cada centímetro dele dentro de mim era tortura e êxtase.

Foi então que ele parou.

— *Luca!* — protestei, meu corpo clamando por alívio.

— *Pedido.* — Seus olhos brilharam maliciosamente.

— *O quê?*

— *Quero te ouvir pedir.* — Sua mão desceu entre nós, encontrando o clitóris inchado. — *Em português.*

**Filho da puta.**

— *Por favor...* — gemi, me curvando para seu toque.

— *Por favor, o quê?* — Seus dedos pararam.

— *Por favor, me faz gozar!* — quase gritei, minhas unhas cravando em seus ombros.

Ele riu, baixo e vitorioso, antes de aumentar o ritmo.

— *Toma.*

E eu tomei.

O celular vibrou pela décima vez na mesa do café da manhã. *Marina.* Eu sabia o que ela diria – que eu estava desaparecida, que o cliente estava impaciente, que eu nunca agi assim.

Mas como explicar que Luca Domani era um vício?

— *Problemas?* — Ele apareceu atrás de mim, seus lábios no meu pescoço.

— *Trabalho.* — Afastei-me, pegando uma fruta. — *Preciso voltar hoje.*

Seu rosto fechou.

— *Fuja comigo.* — Não era uma pergunta.

— *O quê?*

— *Tenho um iate em Monaco. Fiquemos mais uma semana.* — Suas mãos apertaram minha cintura. — *Diga que sim.*

Eu ri, nervosa.

— *Você é louco.*

— *Por você, sim.* — Seus olhos eram sérios demais para brincadeira.

Foi então que o celular dele tocou.

Ele ignorou. Tocou de novo.

— *Merda.* — Luca afastou-se, pegando o aparelho. — *Domani.*

Assisti sua expressão mudar – de calor para gelo em segundos.

— *Quando?... Não, eu vou.* — Desligou, o rosto fechado.

— *Problemas?* — devolvi, ecoando suas palavras.

Ele não respondeu. Apenas levantou-se, vestindo o relógio Patek Philippe que valia mais que meu apartamento.

— *Preciso ir à Itália. Negócios.*

O ar saiu dos meus pulmões.

— *Agora?*

— *Sim.* Ele nem olhou para mim enquanto recolhia suas coisas. — *Meu jet decola em uma hora.*

— *E eu?* — Minha voz soou pequena.

Finalmente, ele parou.

— *Te levo ao hotel.*

Não era o que eu queria ouvir.

Ele me beijou como se fosse a última vez – devorador, possessivo, com as mãos tão firmes em meu corpo que eu sabia que teria hematomas depois.

— *Volto em três dias.* — Mentira. Nós dois sabíamos.

— *Claro.* — Sorri, fingindo não ver como ele já estava distante.

Quando o jato particular dele decolou, deixei cair a fachada.

**Era assim que terminavam os contos de fadas modernos – sem carruagens virando abóboras, apenas um bilionário desaparecendo na névoa.**

O que eu não sabia?

Que aquela noite nos deixara mais do que memórias.

Deixara uma vida.

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