22

**O café queimava na língua, amargo como minhas memórias.** Luca observava o horizonte da varanda, **o perfil cortado contra o sol nascente**, as cicatrizes da guerra ainda frescas em seu torso.

Três passos me separavam dele. **Três passos que pareciam um abismo.**

— *Você dormiu?* — perguntei, oferecendo-lhe a segunda xícara.

Ele aceitou sem tocar meus dedos.

— *Sonhei com ela de novo. A Sofia verdadeira... presa naquele gelo.*

**Seu queixo tremia.** Eu queria tocá-lo. **Mas não ousava.**

Desde o deserto, **éramos estranhos compartilhando uma casa fantasma.**

Até que **o som de risos** nos fez girar.

**Sofia (a nossa Sofia, a que sobrou)** corria pelo jardim com o cachorro, **seus olhos verdes brilhando como esmeraldas vivas.**

Luca engoliu seco.

— *Como podemos amar uma cópia?*

**Minha resposta veio em forma de lágrima.

**A noite caiu com o peso de um segredo.**

Na cama que já foi nossa, **dois corpos se deitavam separados por um oceano de silêncio.**

— *Lu
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