O silêncio na sala de espera era tão espesso que eu podia ouvir o tique-taque do relógio de Luca. Ele estava sentado como uma estátua, seus dedos tamborilando levemente no braço da cadeira de couro. Sofia dormia em meu colo, exausta após a noite em claro.
O geneticista entrou com um envelope lacrado.
— *Os resultados.*
Minhas mãos tremeram ao pegá-lo. Luca não se moveu.
— *Abra* — ele ordenou, sua voz mais áspera que o normal.
O papel parecia pesar uma tonelada. Quando li o resultado em voz baixa, minha voz falhou na última palavra:
— *"Probabilidade de paternidade: 99,9999%. Luca Domani é o pai biológico de Sofia Monteiro."*
Luca fechou os olhos por um segundo longo. Quando os abriu, havia algo neles que nunca tinha visto antes – alívio cru, puro, quase doloroso.
— *Eu te disse* — sussurrou, pegando Sofia de meus braços com uma delicadeza que contrastava com sua fúria habitual.
Foi então que o celular do médico tocou.
— *O quê? Como assim?* — sua expressão mudou.