Mundo ficciónIniciar sesión* Dias depois*
Puxei o ar puro profundamente, era tão diferente do centro e da região do orfanato. Eu nunca tinha ficado em áreas assim.
A manhã estava apenas começando e o sol fraco causava um calorzinho gostoso.
Hazel estava sentado ao meu lado, uma bata leve o cobria, mas suas pernas gordinhas estavam expostas, ele precisava pegar um pouco de sol pelas manhãs, então já era um hábito brincar no jardim.
O pano claro estava sobre a grama, eu trouxe poucos brinquedos, apenas os preferidos dele.
Limpei a baba que escorria pelo seu queixo, havia alguns dentinhos nascendo, bem, ele estava próximo de completar um ano, ainda faltava bastante para nascer.
— Aqui. — Olhei para cima, Logan me entregou a garrafinha de Hazel. — A governanta reclamou que você tinha esquecido.
— Obrigada, não irei esquecer da próxima vez.
— É bom mesmo, eu sou muito ocupado. — Logan brincou ao se sentar.
— Que eu saiba, não tem nada para fazer hoje.
— Me pegou. — Ele sorriu, se deitou ao lado e cobriu os olhos com o braço.
Hazel engatinhou até ele e tentou subir em seu peito.
Tínhamos um bom entendimento, Logan era um alfa dominante, assim como o pai, mas além da aparência, ele não parecia em nada com ele.
Dominik, pai deles e chefe dessa família, me causava calafrios apenas de olhar. Ele não gostou da minha contratação, mas tolerou a pedido da esposa e, principalmente, por Hazel não ter me rejeitado como normalmente fazia. Ele apenas considerou que se livrou de um problema.
Hazel agora não ocupava tanto o tempo de Logan e Amélia, isso bastava para Dominik não causar objeções.
Ninguém precisou me contar que rejeitou o próprio filho, eu percebi isso já nos primeiros dias morando nessa casa.
Para Dominik, apenas Logan era importante. Um alfa dominante. Aquele que iria assumir os negócios da família e passar a linhagem em diante.
Então, ele comandava a vida de Logan nos mínimos detalhes.
Quanto a mim, a primeira coisa que perguntou foi sobre meu gênero secundário, pediu exames para ter certeza de que eu não era uma ômega, embora tenha percebido que eu não exalava feromônio nenhum.
Dominik não queria uma ômega embaixo do mesmo teto que Logan, isso seria um risco para seus planos. Era nojenta a sua forma de pensar.
Se ele descobrir a verdade, estarei perdida. Mas estou confiante que antes disso acontecer, já não estarei trabalhando mais aqui.
— Você parece preocupada. — Olhei para Logan depois de um suspiro. Ele tinha Hazel em cima de seu peito, a baba tinha molhado sua camisa.
Inclinei-me e enxuguei mais uma vez sua boca e queixo.
— Apenas pensando.
— Em que? Posso saber?
— Não seja curioso.
— Hm, sempre misteriosa.
— Não sou misteriosa, você sabe tudo sobre minha vida.
— Sei apenas que cresceu em um orfanato, não há nada demais nisso.
— Desculpe se não tive uma vida emocionante quanto a sua, sabe, os pobres precisam ralar para sobreviverem nessa sociedade. — Revirei os olhos.
— Que amargura, Elise. — Logan se sentou e colocou Hazel no nosso meio. Ele não disse sério, continuava naquele tom brincalhão. — E ser rico não é só diversão, a gente também tem muita responsabilidade.
— Ter responsabilidade com dinheiro é diferente de quando não se tem. — Inclinei-me e empurrei sua testa com o dedo.
— Ei, me respeite, eu sou mais velho que você.
— Grande coisa. Eu tenho dezoito e você vinte e um, não há diferença.
— Mas falando sério, eu só sei isso da sua vida. — Logan disse seriamente, mas evitei encará-lo.
Ele me causava umas sensações estranhas, era assim desde o primeiro dia, mas se intensificava cada vez mais.
Talvez fosse por sermos compatíveis. Um alfa e uma ômega.
— O que há para saber? — Limpei novamente a baba em Hazel e lhe entreguei um outro brinquedo. — Eu sou alguém comum, apenas isso.
— Eu não acho você comum, Elise. Nunca achei, desde o primeiro dia que te vi.
Um calor subiu pelo meu rosto, não era do sol.
Droga.
— Acho melhor você procurar algo para fazer, Logan.
Olhei para a casa atrás de mim, apenas o jardineiro estava à vista, mas podia aparecer mais alguém.
— Eu estou trabalhando, não devo ficar conversando com o filho do patrão, não quero ter problemas com seu pai, você sabe.
Logan suspirou, ele sabia disso também. Amélia era muito bondosa, mas Dominik não.
— Tudo bem. — Ele levantou e ajeitou a camisa grossa sobre a calça de moletom. — Conversamos depois.
Concordei apenas com aceno e permaneci com minha atenção em Hazel, não queria olhar para Logan se afastando.
— O que é que eu tô fazendo? — murmurei.







