Mundo ficciónIniciar sesiónElise
— Oh, meu Deus!
Contive o volume da minha voz ao máximo, mas a pequena panela caiu no chão e o leite quente derramou em parte da minha perna e pés. Felizmente, não estava fervendo, apenas morno.
— Droga, se descontarem do meu salário, ainda vou ficar devendo, esse leite é muito caro. — resmunguei já em desespero ao abaixar com o pano de copa.
— Elise?
Paralisei, eu fiz muito barulho. Levantei devagar, Logan estava na entrada da cozinha. Eu me senti aliviada por ser ele, mas ainda estava aflita. Se a governanta aparecer eu estarei em maus lençois. Tomara que tenha um sono pesado.
— Eu ouvi um barulho, está tudo bem?
— Sim, não foi nada.
— Hm…
— Não venha! — disse impulsivamente ao ver ele entrando mais.
Logan ignorou-me e deu a volta na ilha. Ele levantou uma sobrancelha ao ver a bagunça.
— Foi um acidente, a panela escorregou, nunca aconteceu antes.
Logan subiu seu olhar por meu corpo, quis me esconder, eu estava descalça e com parte da calça jeans molhada.
— Você queimou a mão?
Escondi a minha mão atrás do corpo, eu tinha queimado, mas isso era o de menos.
— Deixa eu ver.
— Não foi grave, eu preciso limpar aqui primeiro.
— Como não foi grave? Está vermelha.
— B-bem não está doendo, não se preocupe.
— Elise. — Seu tom foi mais rígido mas não mostrei a mão.
Ele cerrou os olhos e deu um passo à frente, mas eu dei outro para trás.
— Está tudo bem, é sério. — Insisti.
— Ninguém te ensinou que mentir é feio?
Arregalei os olhos quando ele avançou, mas ao invés de escapar, escorreguei no piso molhado e fechei os olhos esperando cair, mas a situação foi bem pior.
Nós dois caímos juntos. Logan segurou em minha cabeça para que eu não batesse no chão, ainda assim, ele pesou sobre mim. Respirei fundo, encostada em seu pescoço.
O cheiro…
— Tudo bem?
— Acho que sim. — Fechei os olhos e o cheirei mais uma vez. Sua pele estava quente.
Ele se afastou um pouco e olhou-me de perto. Era noite, a cozinha estava pouco iluminada, mas ele ficava bonito daquele jeito também.
Sua respiração bateu em meu rosto e suspirei, não conseguia evitar minhas reações. Seu olhar intenso percorreu meu rosto e… minha boca. E de repente um aroma tomou conta do ar. Era o dele.
Feromônios de alfa.
Pela primeira vez, eu reagi a eles. Suspirei mais forte, talvez tenha saído como um gemido, mas quando percebi isso, me assustei e o empurrei. Foi como acordar de um transe.
— Desculpe, eu escorreguei. Preciso limpar o piso. — Levantei apressada e Logan permaneceu no chão. — Você se machucou? Eu sinto muito por isso. Eu sou uma desastrada e…
— Está tudo bem, Elise. — Logan se levantou, mas seu tom estava sério. — Eu te ajudo.
— Não precisa, é meu trabalho.
— Um trabalho que sei fazer tão bem quanto você. — Estremeci com seu tom frio. Eu já estava nervosa o suficiente.
— Desculpe. — Senti-me acuada.
Logan respirou fundo e depois passou a mão nos cabelos, houve silêncio por um longo momento.
— Agora a pouco… esqueça. — Logan olhou para o chão e depois para mim. — Eu farei o leite e você limpa aqui, pode ser?
Concordei silenciosamente e virei-me para buscar os itens de limpeza, só então eu pude respirar.
Talvez ele tenha percebido algo, eu não deveria ter reagido daquela maneira, mas era a primeira vez que sentia seus feromônios e… era tão intenso e bom.
Não, não há nada de bom aqui! Ele é um alfa, filho daquele homem que pode me esmagar como se eu fosse um inseto. Tudo o que eu preciso fazer nessa vida é mantê-la pacífica sem me envolver em problemas.
Quando retornei com as coisas para limpar o chão, Logan ainda estava no mesmo lugar de braços cruzados. Arfei quando de repente puxou-me pela mão.
— Você costuma ser tão teimosa, eu disse que tinha queimado. — Ele me puxou para a pia e colocou minha mão embaixo da água fria.
— Não precisa, não foi grave assim.
— Vai ter que colocar uma pomada. Por que está usando o fogão? Tem uma máquina ali apenas para esquentar o leite.
— Eu não gosto de usar ela.
— Não gosta ou não sabe? — Sua risada jocosa me causou revolta, mas também alívio. Significava que ele tinha ignorado o que tinha acontecido.
— Eu aprendi, tá legal! Eu só prefiro do jeito antigo.
— Mentira.
— Claro que não! Eu não minto.
— Há! Outra mentira.
— Para seu governo, eu cuidava das crianças menores lá no orfanato e fazia tudo no fogão, sem problemas nenhum.
— Duvido, você é desajeitada para tarefas domésticas, eu tive a prova logo no seu primeiro dia.
Eu sabia disso, mas não gostava quando me jogavam na cara.
Puxei minha mão sentindo-me ofendida. Eu não era tão assim, tá certo que às vezes acontecia um ou outro acidente, mas todo mundo estava sujeito a isso.
— De qualquer forma, eu preciso limpar essa bagunça logo, está quase na hora da mamada do Hazel.
— Deixa que eu faço tudo por hoje — Ele desligou a torneira e olhou novamente para minha mão.
— Não, é o meu trabalho. E você é o patrão.
— Lá vem você de novo. Apenas se sente, Elise, seu patrão está mandando.
— Sério isso? Que infantil.
— Infantil é você que ao mesmo tempo que me chama de patrão, questiona minha ordem.
Abri a boca, mas perdi o argumento. Ele tinha razão, eu já não conseguia vê-lo como patrão. E a culpa era toda minha.







