Não sabia que era desastrada

Elise

Eu mal tinha conseguido pregar o olho.

O quarto já estava claro, as cortinas claras não impedia a entrada da luz, tudo ali era estranho, até mesmo o cheiro.

A cama era mais confortável que a do orfanato, mas a estranheza não me deixava relaxar a ponto de dormir profundamente. E eu ainda estava processando todas as informações que Amélia havia passado.

Saber que tinha sido ela quem tinha me tirado das ruas não me deixava vê-la como uma pessoa qualquer.

Quando analisei toda a minha trajetória no orfanato, percebi algumas coisas, como por exemplo, a diretora me tratar com mais cuidado, isso chamava a atenção até das outras meninas.

E se eu tivesse sido criada nesta casa, como seria?

Talvez não fosse bom, o chefe desta família parece ser muito rígido, eu ainda não o encontrei, mas Amélia foi cautelosa em dizer sobre o marido.

Bem, não adiantava pensar muito, agora eu precisava retribuir fazendo o meu melhor, mesmo que esse cargo fosse provisório. 

Mas eu não me importava em ficar, ser babá é mais digno do que muitos trabalhos que os ômegas precisam se sujeitar. Além disso, não tenho grandes ambições, apenas viver bem já é o suficiente.

O despertador tocou e me estiquei para desligar, mas apesar de apertar o botão, não desligou. Na verdade, havia vários botões, eu simplesmente não entendia aquele aparelho moderno. 

Sentei-me e puxei o aparelho, podia incomodar, eram sete da manhã e o quarto de Hazel era ao lado. Bati com um pouco mais de força já disposta a quebrar aquilo. Por que esses aparelhos eram tão escandalosos? 

Respirei aliviada quando consegui desligar, não iria usá-lo novamente.

Levantei e me estiquei, eu tinha recebido uma farda, era um conjunto de calças e camisa brancas, algo padrão para babás, todos os empregados da casa usavam fardamento, tudo era muito rígido. E apesar de Amélia me privilegiar, eu não deveria abusar.

Também mandaram minhas coisas do orfanato, não era muito, apenas livros, roupas básicas, Amélia disse que me levaria para comprar mais roupas e o que precisasse, mas eu recusei, afinal, logo receberia um salário.

Depois de finalmente vestida apropriadamente, entrei no quarto de hazel pela porta compartilhada. Ele ainda dormia, pelo cronograma que recebi, uma equipe médica viria examiná-lo, então eu precisava arrumálo. 

Já havia um conjunto de roupa em cima da cama auxiliar, estava tudo pronto, talvez tenha vindo mais cedo, sua viagem será hoje.

Suspirei, o dia seria longo.

Entrei no banheiro, segundo Amélia, nos dias de exames, Hazel precisava tomar um banho morno antes, eu estava com dó apenas por acordá-lo.

Olhei-me no espelho ao para em frente a pia, eu tinha arrumado meus cabelos da melhor forma possível, mas sempre tinha alguns fios rebeldes. 

O loiro vivo não tinha aquele brilho natural que normalmente tem em ômegas, minha aparência é padrão, não há nada demais nem em meus olhos verdes, muito menos no meu corpo magro de poucas curvas. Mas não sei até quando será assim, não se escapa do que realmente é.

— Não importa agora — murmurei ao me aproximar da banheira. 

Sentei-me na borda, tinha uma única torneira e uma ducha, mas o painel eletrônico me lembrou aquele aparelho despertador. Eu não fazia ideia de quais botões apertar.

Mordi o lábio, não havia nada escrito. 

Então eu fiz o óbvio, apertei um para ver o que acontecia. A água saiu da ducha, e pela posição que estava, a água fria caiu com abundância em cima de mim.

Droga!

Levantei e a alcancei, mas simplesmente estava engatada. Isso não era possível, minha sorte não podia ser tão ruim assim. Apertei o mesmo botão, mas nada aconteceu.

— Isso só pode ser brincadeira. 

Tentei tampar aquela ducha que continuava molhando tudo, se ao menos ela tivesse virada para a banheira. E por que a água tinha que sair tão forte?

O banheiro estava alagando. Droga! eu seria surpreendida logo no meu primeiro dia. Puxei a ducha com mais força e sempre podia ficar pior, é claro. Quebrou. 

— Elise?

Merda.

Olhei para trás apenas para ver Logan parado na porta. Ele sorriu como se não acreditasse na cena. Eu toda molhada segurando parte daquela maldita ducha.

Ele se apressou e com um simples toque em um botão, a água desligou. Eu fiquei sem palavras. 

— Não sabia que era desastrada. — Ele debochou, mas não de forma maldosa, ele estava se divertindo.

— Não ria! Foi um acidente.

— Você quebrou a ducha. — Apontou para a minha que ainda segurava aquele troço e continuou rindo.

— Isso foi porque estava engatada. Pare de rir! — Dei-lhe um tapinha no ombro e terminei por rir também.

— Essa foi uma ótima primeira impressão. 

Eu ia respondê-lo, mas escutei os resmungos de Hazel. Eu pretendia acordá-lo com delicadeza, não com essa bagunça. Olhei-me e no momento seguinte, me cobri.

A roupa de algodão branca estava transparente, meu sutiã estava aparecendo. 

— Não precisa cobrir, não é como se eu não soubesse como é o corpo de uma mulher.

— Eu preciso me trocar, pode olhar Hazel por um momento? — Ignorei aquela inquietação que veio de repente. 

Ele tinha se molhado também e o pior era que estava arrumado, até mesmo estava de gravata. Logan era realmente bonito, talvez eu ainda estivesse impressionada.

— Eu não demoro. — Coloquei a peça da ducha sobre a pia e me apressei.

Hazel estava sentado, ele me viu e apenas sorri antes de passar pela porta. Queria chorar, meu primeiro dia estava sendo desastroso.

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