Cap 4

Cecília Darse

Desço do carro e sigo Harry por um caminho que acredito levar até a ala dos empregados.

Cecília_ Eu me perderia facilmente nesse lugar, são tantos corredores que parece até um labirinto.

Comento enquanto caminho ao lado do meu primo.

Harry_ Você se acostuma.

Cecília_ Isso se eu for contratada, afinal deve ter outras candidatas aqui.

Harry_ Tem sim, mas nenhuma com o seu carisma.

Cecília_ carisma não garante emprego.

Harry_ Pode até ser, mas não conheço ninguém que resista ao seu sorriso e à sua simpatia, você sempre foi boa em conquistar as pessoas ao seu redor.

Dou um suspiro alto e lhe lanço um sorriso fraco.

Cecília_ Espero que dessa vez o meu charme funcione, porque quero muito essa vaga.

Harry segura a minha mão suada e trêmula pelo nervosismo e a aperta, tentando me passar um pouco de confiança.

Quando chegamos ao que, segundo ele, é a sala da governanta, vejo três mulheres sentadas, provavelmente são as outras candidatas.

Todas aparentam ser mais velhas que eu e todas usam roupas escuras em uma paleta de cores que vai do cinza ao preto. Seus cabelos também apresentam penteados similares, um coque baixo sem nenhum fio fora do lugar.

Me sentindo um peixe fora d'água, olho para o meu vestido tubinho na cor rosa escuro, na altura dos joelhos, com cinto combinando e meu casaquinho branco.

Pareço colorida demais para esse lugar, mas essa era a roupa mais formal e sóbria que encontrei em minha mala.

Devia ter ao menos prendido o cabelo, mas não, eu tinha que deixar meus cachos rebeldes soltos.

E o pior é que eles são loiros e bem compridos, o que chama ainda mais a atenção.

Harry_ Preciso voltar ao trabalho agora, mas estarei te esperando lá fora quando a entrevista acabar. Boa sorte!

Meu primo diz baixinho antes de me lançar um sorriso contido e se afastar.

Tenho vontade de pedir para ele ficar aqui comigo, para não me deixar sozinha, mas sei que ele precisa trabalhar e eu, bem, eu sou uma mulher adulta.

Depois que Harry vai embora, eu me forço a caminhar até uma das cadeiras vagas, sentindo os olhares julgadores das três mulheres presentes na sala.

Sorrio meio sem graça como um comprimento, mas é claro que sou ignorada por elas, que agem como se fossem melhores do que eu.

Logo uma senhora de cabelos grisalhos e olhar severo, entra na sala.

. . ._ Bom dia a todas, sou a senhora Jones a governanta, antes da entrevista começar quero esclarecer alguns pontos com vocês.

Todas nós ascentimos em silêncio e ela continua a falar.

Sra Jones_ A vaga em questão é para babá de um garoto de quatro anos, a criança possui algumas peculiaridades, ele não fala e nao interage com outras pessoas, por conta disso não vai a escola, tendo todas as suas aulas em casa.

Por isso a exigência de candidatas letradas, pois a babá também desempenhara o papel de preceptora.

Ela fala do garotinho de uma forma tão impessoal e fria que nem parece se tratar de uma criança.

Sra Jone_  A candidata escolhida precisar estar a disposição da família vinte e quatro horas por dia, o que significa que terá que morar aqui e se dedicar completamente ao senhor Oliver, aos domingo será a folga, mas pode acontecer de ter que trabalhar também  e é claro que a babá será muito bem recompensada pelos folgas em que tiver que trabalhar. Sobre a rotina da criança, ela será passada somente a quem for selecionado para a vaga, alguma dúvida?

Ninguém se manifesta e a governanta volta a falar.

Sra Jones_ Bom, se não há nenhuma dúvida nos vamos começar as entrevistas agora, normalmente sou eu quem faço esse trabalho, mas hoje o Lorde William está em casa e como se trata de alguém que vai conviver em tempo integral com seu irmão, ele decidiu fazer as entrevistas pessoalmente.

Em pensar que eu estava julgando o homem por não participar do processo de escolha da babá do próprio irmão.

Sra Jones_ Por favor senhora. . .

Ela olha para a prancheta em suas maos, lendo o primeiro nome.

Sra Jones_ Thomas, queira me acompanhar.

A mulher que estava sentada próxima da porta se levanta e a acompanha.

. . ._ É senhorita Thomas.

Corrigi e a governanta concorda com a cabeça, fazendo sinal para que a Senhorita Thomas a acompanhe.

A entrevista dura cerca de uma hora, e eu me pergunto que diabos o tal do Lorde Williams tanto quer saber.

Pois é, mais uma coisa sobre o patrão do meu primo que eu não sabia, ao que parece ele tem um título, nem sabia que essas coisas ainda existiam.

Quando a governanta volta para chamar a próxima candidata, a senhorita Thomas não está com ela e eu fico curiosa para saber se ela foi embora por outro caminho ou se está aguardando o final das entrevistas em algum lugar desse palacete, que mais parece um museu.

A última das três candidatas começa a me encarar assim que ficamos a sós.

Vejo em seu rosto um sorriso de deboche que me incomoda e apesar do ser do tipo que prefere evitar confrontos, porque não sei brigar com ninguém, eu a encaro de volta.

Cecília_ Algum problema?

Pergunto, começando a pensar que tem alguma sujeira em meu rosto.

. . . _ Nenhum, só estou me perguntando o que alguém como você faz aqui, está claro que não tem chance.

Cecília_ Porque não tenho chance? Por acaso viu o meu currículo para falar isso?

. . ._ Não claro que não, mas basta olhar para a sua aparência, para afirmar que não será contratada.

Fala me olhando da cabeça aos pés, como se o que eu estou usando fosse algo totalmente inaprópriado, e estou começando a acreditar que seja mesmo, porque até a governanta se veste de forma austera.

. . . _  Além disso é muito jovem, não tem experiência para lidar com crianças, principalmente com uma que claramente tem problemas mentais e precisa de muita disciplina.

Respiro fundo e conto até dez, tentando me acalmar, mas não adianta, porque se tem uma coisa que me deixa furiosa é ver alguém falar de forma tão pejorativa de uma criança, principalmente uma que ela nem conhece e muito menos sabe da história.

Cecília_ Se tem alguém aqui que não está preparada para lidar com crianças esse alguém é senhora, já está dando uma diagnóstico para um garotinho que nunca nem viu, baseado apenas em um breve relato.

Ela abre a boca para me responder, mas a governanta escolhe justo esse momento para entrar na sala e chama-la para a entrevista, me deixando aliviada por ficar sozinha, livre da energia pesada daquela mulher.

Espero por mais uma hora até a senhora Jones retornar para me buscar.

E enquanto a sigo por aquele labirinto de corredores intermináveis eu penso em perguntar se as outras candidatas já foram embora, mas me lembro que os ingleses costumam ser bem discretos e não quero que ela pense que eu sou uma fofoqueira ou algo do tipo, por isso permaneço em silêncio.

Caminhamos por alguns minutos até chegarmos em frente a uma enorme porta de madeira.

Ela para e eu faço o mesmo a encarando apreensiva, com minhas mãos suando de nervoso

A governanta dá duas batidinhas na porta e espera por um momento.

. . . _ Entre.

Uma voz masculina e grossa soa do outro lado.

A Senhora Jones abre a porta e faz sinal para que eu passe por ela, em seguida ouço o estrondo da porta se fechando atrás de mim e dou um pulinho com o susto. . .

Sigue leyendo este libro gratis
Escanea el código para descargar la APP
Explora y lee buenas novelas sin costo
Miles de novelas gratis en BueNovela. ¡Descarga y lee en cualquier momento!
Lee libros gratis en la app
Escanea el código para leer en la APP