Cap 3

Cecília Darse 

Harry sobe para o seu quarto, mas logo está de volta e nós sentamos para comer.

Harry_ Mamãe me falou sobre o golpe Cecí, eu sinto muito, deve ter sido decepcionante para você.

Solto um suspiro triste e balanço a cabeça em concordância.

Cecília_ Foi viu, estava tão feliz achando que tinha encontrado o emprego dos meus sonhos, mas ao menos estou aqui com vocês e isso me deixa muito feliz.

Respondo sorrindo.

Harry_ É verdade, você sempre falava que queria conhecer Londres.

Cecília _ Sim, e graças à Tia Grace que convenceu papai, pude ficar, mas temo não poder ficar por muito tempo.

Harry_ Porque?

Cecília_ Porque minhas economias são poucas, gastei quase tudo na tal taxa de documentação que paguei aos golpistas, preciso de um emprego o mais rápido possível, mas não estou encontrando nada.

Harry_ Você acabou de se formar como professora de educação infantil, não foi?

Cecília _ Sim, e também em pedagogia.

Harry_ O senhor Willians está procurando uma babá para o Oliver, irmão caçula dele. Ele quer alguém que, além de babá, também possa ensiná-lo, já que, por conta da sua condição atual, o garotinho não está frequentando a escola. Posso te indicar, se quiser.

Cecília _ É claro que eu quero! Amo trabalhar com crianças e fiz muita tutoria enquanto ainda estava na faculdade.

Falo quase gritando de tanta empolgação.

Cecília_ Mas espera aí, qual a condição do garotinho?

Meu primo solta um suspiro triste antes de começar a falar e, quando o faz, eu entendo o porquê.

Harry_ Há uns meses, ele estava viajando com os pais pelo interior da Inglaterra, e alguns bandidos invadiram o hotel em que estavam para roubar os hóspedes. O senhor Willians escondeu o filho no armário quando eles arrombaram a porta do quarto, mesmo assim ele ouviu tudo, o choro da sua mãe, os gritos do seu pai e os tiros que tiraram a vida dos dois. Desde então, Oliver não fala, os psicólogos dizem ser por conta do trauma, e acreditam que, com o tempo, ele voltará a falar.

Limpo os meus olhos que se encheram de lágrimas, pensando no que essa criança passou, deve ter sido muito difícil presenciar uma tragédia dessas.

Cecília _ Quantos anos ele tem?

Harry_ Quatro. 

Cecília _ Meu Deus! Tão novo e já tendo que lidar com um trauma tão grande!

Harry_ Pois é, agora a criação dele ficou na responsabilidade do irmão, que busca por uma babá letrada, pois não quer forçar o Oliver a ir para a escola enquanto ele não se sentir pronto.

Cecília_ Eu quero essa vaga!

Digo decidida.

Harry _ Tem certeza?

Cecília _ Tenho sim, preciso de um emprego, e sei que posso fazer a diferença na vida desse garotinho.

De alguma forma Oliver tocou o meu coração, e mesmo antes de conhece-lo, sinto que posso trazer um pouco de alegria para essa criança.

Harry_ Tá legal, você me passa seu currículo que quando voltar para a mansão eu levo, mas antes de tudo precisa saber que se for contratada precisará morar com eles, o senhor Willians necessita de alguém disponível vinte e quatro horas por dia, inclusive aos finais de semana, se eu não me engano a apenas uma folga aos domingos e só.

Grace_ É bem puxado então.

Harry_ Sim, mas o salário compensa, eles pagam muito bem.

Cecília _ Sem problemas, eu quero mesmo assim.

Mais tarde naquela mesma noite entreguei o meu currículo para Harry e quando fui dormi não consegui parar de pensar naquele garotinho, tão pequeno e já tendo que lidar com morte dos pais de forma tão traumática.

Agora mais do que nunca eu queria aquela vaga de babá, aquele garoto precisava de carinho, de atenção e de alguém que se importasse de verdade e eu estava disposta a ser tudo isso para ele.

Não entendia porque estava tão afetada, era uma tragédia, é claro, mas em meus estágios na faculdade, já havia conhecido muitas crianças que passaram por traumas parecidos ou até piores.

Ainda assim, alguma coisa me fazia querer ajudar o garotinho que eu sequer conhecia

No domingo a noite Harry voltou para a mansão que segundo ele ficava um pouco distante do centro de Londres em uma área mais afastada e cercada por floresta, ali os Willians tinham mais privacidade.

Parece que eles são uma das famílias mais tradicionais da Inglaterra, sendo até mesmo muito próximos do rei Charles terceiro.

Fico pensando como eles devem ser, pelo que Harry disse, apenas o Senhor Willians e seu irmão caçula moram na casa, os demais parentes todos distantes, tios de segundo e terceiro grau e alguns primos, raramente aparecem.

Passei a segunda ansiosa, olhando o telefone toda hora, mas não ouve nenhuma ligação para mim.

Terça-feira foi o mesmo, ninguém entrou em contato, na quarta eu já havia desistido e comprado outro jornal para procurar por outros anúncios de emprego.

Na quinta feira eu havia saído para comprar os ingredientes que Tia Grace precisava para fazer os biscoitinhos que gosta de servir com chá e quando cheguei ela estava com telefone na mão falando com alguém, assim que me viu ela sorriu.

Grace_ Você tem uma entrevista na residência Willians amanhã às dez, o Harry vem te buscar.

Começo a pular empolgada, ainda sem acreditar que finalmente tinha uma entrevista.

Cecília _ Ahhhh!! 

Tia Grace sorri e devolve o telefone ao gancho.

Cecília_ Aí Tia Grace, o Harry conseguiu mesmo, a indicação dele funcionou!

Grace_ Sim, a indicação dele deve ter ajudado, mas você tem um ótimo currículo também.

Cecília _ A minha nossa! Preciso encontrar uma roupa para a entrevista, tenho que estar apresentável.

Grace_ Sim, a roupa é muito importante, é preciso que esteja o mais formal possível.

Cecília _ A senhora está certa, não posso errar em nada se quiser conseguir essa vaga, será que pode me ajudar? 

Grace_ Claro, vamos ao seu quarto e eu te ajudo a encontrar algo apropriado para usar amanhã.

Encontrar esse algo apropriado foi difícil, visto que minhas roupas são todas coloridas e tão cheias de vida quanto eu.

No dia seguinte estava tão empolgada que acordei antes do sol nascer, às seis da manhã eu já estava pronta.

Quando Harry chegou para me buscar eu já tinha andando pela casa toda, tamanha era minha ansiedade.

No caminho até a mansão enchi Harry de perguntas, queria saber tudo que podia sobre a rotina da família e o que esperavam da babá que fosse contratada.

Meu primo me contou que eu dificilmente lidaria com o senhor Willians é que tudo seria tratado com a governanta que é quem administra a casa.

Achei aquilo meio estranho e bastante impessoal, quer dizer, se fosse meu irmãozinho eu gostaria de estar a par de tudo e principalmente conhecer a pessoa que cuidaria dele.

Mas enfim, os costumes ingleses são bem diferentes da forma como eu fui criada, minha casa sempre foi cheia de afeto, carinho e preocupação com as pessoas que a gente ama.

Cecília_ Uau!

Digo boquiaberta ao ver a mansão que na verdade se parece mais com um palácio do século passado.

Harry_ Gostou?

Cecília _ É lindo!! 

Harry_ Esse lugar tem mais de duzentos anos, ele foi construído pelo tataravô do meu chefe.

Cecília _ É, tudo aqui parece exalar a dinheiro e tradição. . .

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