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Capítulo 6 — Perto Demais

Elena saiu do escritório com passos curtos, tentando recuperar o ar.

A pasta com o aditivo contratual parecia pesar mais que no minuto anterior — como se carregasse não apenas papéis, mas todas as decisões que moldariam o futuro dela naquela casa.

E moldariam o de Dominic também. Ela sentia isso.

Assim que as portas do escritório se fecharam atrás dela, Elena encostou-se brevemente na parede de vidro do corredor. O toque frio ajudou a aplacar a onda quente que ainda percorria sua pele, lembrando o contato das mãos de Dominic… e o modo como ele a olhara quando ela assinou.

Era um olhar que um patrão não deveria ter.

Um olhar que Elena não deveria ter sentido atravessar sua alma.

Respirou fundo, reunindo a compostura antes de seguir até o jardim, onde sabia que encontraria Liam.

O sol da manhã estava mais forte agora, iluminando a grama impecável, as flores vibrantes e a pequena mesa onde Isabella mexia no tablet enquanto observava o menino brincar com carrinhos.

— Ah, Elena! — Isabella chamou, com um sorriso que tentava parecer amistoso. — Ele estava te procurando. Acho que já percebe que você sumiu.

Liam olhou para ela no mesmo instante, como se seu nome tivesse um som especial.

Seus olhos castanhos brilharam — e ele correu até Elena, abraçando sua perna com força.

O peito dela se apertou.

— Oi, pequenino… — Elena sussurrou, abaixando-se para ficar à altura dele. — Eu senti sua falta também.

Isabella observava tudo de queixo erguido, expressão difícil de decifrar.

— Dominic pediu para você voltar ao trabalho normal? — ela perguntou, tentando soar casual.

Elena hesitou por um segundo.

— Sim. Apenas… ajustes no contrato. Nada demais — respondeu, evitando detalhes.

Isabella inclinou a cabeça para o lado, como quem queria ler mais do que estava sendo dito.

— Ajustes? — repetiu, com um sorriso que não alcançava os olhos. — Interessante.

Elena não respondeu. Apenas tomou Liam pela mão e o levou até o gramado, para brincar.

O menino seguiu com ela feliz, despreocupado. Isabella continuou observando de longe, agora com o semblante mais duro.

O resto da manhã passou rápido. Elena ajudou Liam a montar um castelo com blocos coloridos, brincou com água na mini-piscina infantil e o fez gargalhar quando fingiu que era um monstro vindo atacá-lo. Liam ria cada vez mais — um som que parecia arrancar camadas de gelo do coração de Dominic.

Elena percebeu isso quando Dominic apareceu na varanda silenciosamente, como se não quisesse interromper… mas não conseguisse ficar longe.

Ele ficou ali, de braços cruzados, observando a cena.

Não o pai austero.

Não o bilionário.

Apenas um homem que não sabia como lidar com o próprio coração.

Quando Elena ergueu a cabeça, o pegou olhando para ela — de novo — com aquela intensidade que a fazia engolir em seco.

Ele não desviou.

Elena sim.

Pouco depois do almoço, Anthony voltou da reunião. Tinha o blazer aberto, as mangas arregaçadas e o sorriso despreocupado de quem parecia feito para provocar dominicantes tempestades.

— Cadê meu herói pequeno? — Anthony perguntou, aproximando-se de Liam, que imediatamente ergueu os bracinhos.

Anthony o colocou no colo com facilidade.

— Você está enorme, sabia? — brincou.

Liam riu e agarrou o colar do pescoço dele.

Elena sorriu da cena, mas percebeu, pelo canto do olho, a sombra se formando atrás deles.

Dominic.

Postura rígida.

Mandíbula travada.

Olhos fixos na mão de Anthony tocando o ombro de Liam… e na proximidade dele com Elena.

Anthony a cumprimentou com um sorriso caloroso:

— Elena, ouvi dizer que você salvou a manhã da casa hoje. Parabéns.

— Eu só fiz meu trabalho — ela respondeu, humilde, sem perceber o jeito que Dominic a observava.

Anthony riu.

— Se fosse só isso, Dominic não estaria desse jeito.

Ela franziu a testa.

— Que jeito?

Anthony apontou discretamente para trás.

Dominic estava parado, imóvel, com a expressão carregada.

Ciúmes.

Era óbvio.

Ele não disse nada, mas o ar ao redor dele parecia eletrificado.

Liam percebeu a presença do pai, bateu palminhas e Anthony o entregou de volta.

Dominic segurou o filho com naturalidade, mas continuou olhando para Elena como se estivesse medindo cada reação dela.

Anthony aproveitou o silêncio constrangedor e limpou a garganta.

— Bom, vou subir para revisar uns documentos. Elena, se precisar de algo, me chama, certo?

Dominic respondeu antes dela:

— Ela chama a mim.

Anthony ergueu as sobrancelhas, divertido.

— Claro, Dominic. Como você preferir.

Quando ele saiu, Dominic ficou parado ali, ainda com Liam nos braços, mas com o olhar preso em Elena.

— Você está estranha desde mais cedo — ele disse de repente, quebrando o silêncio.

— Não estou — Elena rebateu.

— Está, sim. — Ele deu um passo à frente. — Eu conheço bem quando alguém está escondendo algo.

Elena ergueu o queixo, defensiva.

— E eu não gostei da forma como você falou com Anthony — continuou Dominic.

Ela piscou, surpresa.

— Como eu falei?

— Educada demais — Dominic retrucou, num tom que beirava o absurdo pela sinceridade crua.

Elena o encarou, incrédula.

— Ele estava apenas conversando comigo. É normal.

Dominic se aproximou mais um pouco — o suficiente para Elena sentir outra vez aquele perfume amadeirado que sempre a deixava inquieta.

— Não é normal quando eu não gosto — ele disse, baixo.

Liam brincava com o colarinho da camisa do pai, alheio à tensão gigante que pairava entre eles.

Elena cruzou os braços.

— Senhor Valenti, o senhor está sendo… irracional.

Dominic parou.

Observou-a.

E sorriu de um jeito lento, quase perigoso.

— Irracional — repetiu, como se saboreasse a palavra. — Talvez. Mas eu não disse que pretendia mudar isso.

O coração dela tropeçou no peito.

Ele apenas continuou:

— Na minha casa, Elena, eu protejo o que é meu.

Ela sentiu o chão desaparecer por um segundo.

— E o que exatamente é seu? — ela questionou, a voz saindo mais firme do que imaginava.

Dominic inclinou a cabeça para o lado, os olhos âmbar brilhando.

— Meu filho, claro… — ele disse, pausadamente.

Uma pausa.

Depois completou:

— E tudo o que o cerca.

O tom era dúbio demais para ser ignorado.

Antes que Elena pudesse responder, Liam apontou para a porta da cozinha, indicando que queria lanchar.

Dominic respirou fundo e finalmente recuou um passo.

— Vamos — ele disse. — Ele está com fome.

Mas seus olhos voltaram para Elena uma última vez.

Intensos.

Possessivos.

Como se a assinatura naquele contrato tivesse marcado mais do que ele estava disposto a admitir.

E Elena percebeu, com um arrepio, que aquela casa tinha acabado de mudar.

Não apenas para Dominic.

Mas para ela também.

Porque havia algo naquele olhar…

Algo que não deveria existir.

E mesmo assim existia.

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