Inicio / Romance / A Babá do Herdeiro Valenti / Capítulo 4 — O Dia Em Que Liam Sorriu
Capítulo 4 — O Dia Em Que Liam Sorriu

O relógio marcava pouco depois das oito quando Elena atravessou o longo corredor envidraçado que levava à ala infantil da mansão Valenti. O ar estava levemente perfumado com o cheiro de lavanda que Isabella deixava sempre pela manhã, mas havia algo diferente no ambiente — uma mistura de expectativa, tensão e… esperança.

Liam estava sentado no chão do quarto, cercado por blocos de montar. Não estava chorando. Não estava gritando. Apenas encarava atentamente as pecinhas coloridas como se tentasse encaixar o mundo inteiro nos pequenos formatos geométricos.

Isabella, ao lado, parecia quase incrédula.

— Ele… está quieto desde que acordou — ela murmurou, num sussurro que soou como quem teme quebrar um feitiço.

Elena sorriu de leve, aproximando-se devagar.

— Bom dia, Liam.

Os olhos grandes e castanhos do menino subiram até ela. Ele a reconheceu. E embora não sorrisse… não recuou. Já era uma vitória.

Elena se ajoelhou ao lado dele e tocou uma das peças.

— Você está construindo algo? Posso ajudar?

Ele não respondeu, mas empurrou uma das peças na direção dela. Isabella arregalou os olhos.

— Isso é… é um progresso — ela afirmou, quase sem ar.

— É apenas o começo — Elena garantiu, e havia uma confiança tranquila em sua voz.

Liam pegou mais peças, aproximou-se um pouco e, pela primeira vez desde que ela chegara à mansão, deixou que Elena ficasse ao seu lado sem tensionar o corpo pequeno.

Aos poucos, os blocos formavam uma torre torta. Liam apertava a boca sempre que uma peça caía, prestes a se frustrar, mas Elena pegava e recolocava sem pressa.

— Está ficando muito bonita — ela dizia, e as palavras pareciam suavizar o ar.

Isabella observava tudo, claramente emocionada.

— Eu vou avisar o senhor Valenti que o café está pronto… mas… acho que ele vai querer vir aqui primeiro.

Elena apenas assentiu.

Assim que Isabella deixou o quarto, Liam fez algo inesperado: pegou um bloco azul e o colocou na mão de Elena. Depois pegou outro e colocou em sua própria. Ele ergueu o bloco como se esperasse que ela o imitasse.

— Ah… você quer que eu… — Elena levantou o braço com o bloco, imitando o menino.

Liam repetiu o gesto. Uma, duas, três vezes. Então, colocou o bloco no topo da torre. Ela se desequilibrou… e caiu.

Elena prendeu a respiração.

Liam olhou para a torre caída… e soltou um pequeno som: uma risadinha curta, suave, mas real.

Elena piscou surpresa.

— Você… riu.

E então aconteceu.

Liam sorriu.

Um sorriso pequeno, tímido, mas genuíno.

O coração de Elena deu um salto.

Era como ver o sol nascer depois de dias nublados.

E foi exatamente nesse instante que ela ouviu passos firmes atrás de si.

— Elena?

Ela se virou devagar. Dominic Valenti estava na porta — mais uma vez vestido impecavelmente, mas com o olhar completamente fixo na cena diante dele. Seu semblante, geralmente duro, parecia vacilar.

Ele viu o filho sorrir.

E parou de respirar.

— Ele… — Dominic tentou falar, mas a voz falhou.

— Sim — Elena confirmou, com calma. — Ele sorriu.

Dominic passou a mão pelos cabelos, incrédulo.

— Ele não… ele quase não tem reagido desde que…

Ele engoliu seco, sem terminar. Elena entendia. O divórcio conturbado, a mãe ausente, a sobrecarga emocional — tudo deixara marcas profundas no menino.

— Você conseguiu isso em três dias — Dominic disse, a voz baixa, quase um sussurro rouco.

— Não sozinha. Liam só precisava se sentir seguro — ela respondeu.

O olhar dele pousou nela com algo diferente daquela rigidez costumeira. Havia ali uma mistura complexa: admiração, surpresa, e algo mais profundo — algo que ele não permitiria a si mesmo assumir tão cedo.

— Posso…? — Dominic perguntou, apontando para o filho.

Elena assentiu e se afastou um pouco. Liam ergueu os olhinhos quando viu o pai se aproximar. Dominic ajoelhou-se com uma elegância que não combinava com alguém tão grande e controlador. Pegou uma das peças do chão.

— Está construindo um castelo? — perguntou.

Liam hesitou, mas então colocou uma peça na mão de Dominic — o mesmo gesto que fizera com Elena.

O bilionário sorriu, emocionado.

— Meu Deus… — ele murmurou. — Ele está interagindo.

Liam colocou outra peça na mão dele, insistindo para que Dominic imitasse o gesto de Elena. O bilionário levantou a peça no ar, desengonçado, tentando copiar o filho.

Elena conteve uma risada baixa.

Dominic percebeu e olhou para ela por cima do ombro.

— Não ria de mim — ele disse em tom sério, mas os olhos entregavam algo mais leve.

— Eu não estou rindo — ela mentiu descaradamente.

— Está, sim — ele insistiu, ainda copiando os gestos do filho.

— Talvez um pouco — ela admitiu.

Ele balançou a cabeça.

— Nunca imaginei que teria que aprender coreografias de blocos de montar antes das nove da manhã.

— Bem-vindo à maternidade — Elena soltou, com humor.

O sorriso de Dominic quase ameaçou se abrir completamente, mas ele o conteve. Ainda assim, a expressão dele era diferente — mais humana, menos blindada.

Quando Liam finalmente colocou uma peça no topo da torre reconstruída, ergueu os bracinhos, comemorando.

Dominic o ergueu no colo, apertando-o contra o peito.

— Você fez isso, campeão.

O menino riu.

Riu.

Dominic apertou os olhos para conter a emoção.

Elena sentiu o coração apertar também — não apenas pela cena, mas pelo homem diante dela. O bilionário implacável, calculista, dominador… estava completamente vulnerável ao ver o filho feliz.

Isabella apareceu na porta nesse instante, parando abruptamente.

— Ele está… — ela levou a mão à boca. — Ele está rindo?

Dominic se levantou com Liam no colo.

— Está — disse com orgulho. — E tudo graças à Elena.

Isabella lançou um olhar de pura admiração para a babá.

— Eu disse que ela era a pessoa certa.

Dominic não disse nada por alguns segundos. Apenas observou Elena em silêncio — um silêncio intenso, que parecia atravessar paredes.

Então falou, com a voz baixa e firme:

— Elena… eu quero falar com você depois do café. Sobre o contrato.

Ela congelou por um instante.

— O contrato? — repetiu, surpresa.

Ele assentiu.

— Sim. Acho que está na hora de revermos alguns termos. Você já provou que é muito mais valiosa do que imaginávamos.

A forma que ele disse “valiosa” fez algo dentro dela estremecer.

Isabella observou a troca silenciosa com curiosidade — talvez até com suspeita.

Dominic ajeitou Liam no colo e caminhou em direção à porta. Antes de sair, porém, olhou por cima do ombro.

— Obrigado… por fazer meu filho sorrir.

Elena ficou parada por um momento, sentindo o peso daquelas palavras.

E, ao mesmo tempo, a estranha sensação de que, sem perceber, ela tinha acabado de abrir a primeira brecha nas defesas invioláveis de Dominic Valenti.

E isso… poderia mudar tudo.

Sigue leyendo este libro gratis
Escanea el código para descargar la APP
Explora y lee buenas novelas sin costo
Miles de novelas gratis en BueNovela. ¡Descarga y lee en cualquier momento!
Lee libros gratis en la app
Escanea el código para leer en la APP