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Capítulo 3 — O Primeiro Café Da Manhã Com O Bilionário

O despertador tocou às seis em ponto, mas Elena já estava acordada antes disso. A noite tinha sido leve — estranhamente leve — apesar do peso emocional do dia anterior. Ela se levantou, tomou um banho rápido e vestiu a roupa simples de trabalho: calça confortável, blusa branca, tênis limpos.

Ao sair do quarto, sentiu o cheiro de café fresco vindo do andar inferior. Ainda estava escuro lá fora, e a mansão parecia suspensa num silêncio elegante, quebrado apenas pelo tique-taque distante de algum relógio caro.

Elena desceu as escadas de madeira polida, cuidando para não fazer barulho. No térreo, encontrou a governanta, uma senhora de meia-idade chamada Marta, com expressão gentil e mãos habilidosas.

— Bom dia, querida — disse Marta, oferecendo um sorriso verdadeiro. — Primeira manhã? Sempre a mais difícil.

— Bom dia — Elena retribuiu, agradecida. — Espero que eu esteja fazendo tudo certo.

— Só o fato de o pequeno Liam ter dormido bem depois do que aconteceu ontem… já é mais do que qualquer uma conseguiu — Marta afirmou, dando-lhe um olhar de admiração. — Dominic notou, pode acreditar.

Elena corou levemente.

— Eu só fiz meu trabalho.

— Fez mais do que isso, querida. — Marta entregou a ela uma xícara de café. — Tome um gole antes de subir. Você vai precisar de energia.

— Subir?

— O pequeno sempre acorda antes das sete. Dominic gosta de estar presente quando a babá interage com ele pela manhã.

O coração de Elena deu um salto.

— Ele vai estar lá?

— Sim, minha filha. E prepare-se: ele observa tudo. Absolutamente tudo.

Quando Elena entrou silenciosamente no quarto de Liam, encontrou o menino já acordado, sentado no berço, abraçando o mesmo avião da noite anterior. Os olhos dele brilharam ao reconhecê-la.

— Oi, campeão — ela disse, sorrindo enquanto se aproximava. — Dormiu bem?

Ele não falou, mas estendeu os braços — um pedido claro para ser pego.

Ela o levantou com cuidado, e Liam encostou a cabeça em seu ombro, como se confiar nela fosse a coisa mais natural do mundo.

Foi nesse momento que ela ouviu o som da porta do quarto se abrindo.

Dominic estava ali.

Ele usava uma camisa social azul-marinho, impecavelmente alinhada, e relógio de luxo no pulso. O cabelo, molhado nas pontas, denunciava o banho recente. Mas não era a aparência dele que deixava Elena nervosa — era o olhar. Aquele olhar afiado, atento, que parecia analisar cada respiração dela.

— Vejo que ele já acordou — Dominic disse, caminhando lentamente até eles.

Liam levantou a cabeça e esticou uma das mãos pequenas para o pai. Dominic tocou de leve os dedos do menino, um gesto curto, mas cheio de carinho contido.

— Está se sentindo melhor, filho? — ele perguntou, a voz mais suave do que Elena ouvira até então.

Liam respondeu apenas com um som baixo, aproximando-se mais de Elena.

Dominic notou. E algo mudou no ar.

— Ele está muito confortável com você — o bilionário comentou, cruzando os braços. — Isso é… inesperado.

Elena respirou fundo.

— Eu realmente gosto de crianças, senhor Valenti. E acho que Liam só precisa de alguém que o escute… mesmo quando ele não fala.

Dominic a observou com atenção, como se tentasse decifrá-la.

— Prepare-o. O café será servido em quinze minutos.

E saiu.

Poucos instantes depois, Elena entrou na sala de jantar com Liam no colo. A mesa era grande, exageradamente grande para três pessoas. Dominic estava sentado à ponta, mexendo no tablet. Não olhava para ela, mas Elena sentia sua atenção mesmo assim.

— Bom dia — ela disse, colocando Liam na cadeirinha ao lado dele.

Dominic levantou os olhos devagar, como se avaliasse não apenas as palavras, mas o tom, a postura, cada detalhe invisível.

— Bom dia, senhorita Duarte.

O coração dela bateu rápido demais.

— Só Elena está ótimo.

— Elena — ele repetiu, e ouvir seu nome naquela voz profunda fez algo estranho vibrar no peito dela.

Marta entrou com uma bandeja.

— Torradas, frutas, ovos mexidos para o senhor e papinha de banana e aveia para o pequeno.

— Obrigado, Marta — Dominic respondeu.

A governanta sorriu para Elena antes de sair, como se desejasse boa sorte silenciosamente.

Elena puxou a cadeira ao lado de Liam, mas não se sentou. Ela sabia que não devia fazer isso sem permissão. Em sua antiga casa de trabalho, jamais sentaria à mesa com os patrões.

Mas Dominic percebeu sua hesitação.

— Sente-se — ele ordenou, como se aquilo fosse óbvio.

— S-sim, claro.

Ela se sentou devagar.

Dominic observou tudo — desde a maneira como ela segurava o garfo até como inclinava o corpo para ajudar o menino.

— Ele gosta de banana? — Elena perguntou, para quebrar a tensão.

— Não de comida. Não desde… — Dominic fez uma pausa breve. — Desde a perda da mãe.

Havia uma dor implícita ali. Uma sombra que atravessava a voz dele.

— Mas você pode tentar — ele completou.

Elena pegou a colher e aproximou da boca de Liam.

— Quer experimentar, campeão?

Para a surpresa — e choque — de Dominic, ele abriu a boca e comeu.

Dominic deixou o garfo cair no prato.

— Isso não pode ser real — ele murmurou.

Liam comeu outra colher. Depois outra. E outra.

Elena sorriu, feliz pelo menino.

— Ele só precisava de alguém com paciência.

Dominic a encarou de um jeito que fez seu corpo inteiro arrepiar. Como se ele estivesse vendo algo que não sabia que precisava. Algo que o tirava do eixo.

— Você… — ele começou, mas parou. Passou a mão pelo queixo, pensativo. — Não entendo.

— Não precisa — ela disse gentilmente. — Só aceite.

Ele inclinou o corpo levemente para frente.

— Aceitar não é algo que eu faço com facilidade, Elena.

Por algum motivo, ouvir a voz dele tão baixa fez o estômago dela apertar.

Liam, ainda com a boca suja de papinha, esticou a mão para ela, sorrindo com os olhos.

Dominic olhou aquela cena e sua expressão mudou.

De controle absoluto… para algo que Elena não conseguia nomear.

— Ele está… sorrindo — Dominic disse, quase sem ar.

— Ele só precisava de alguém que estivesse do lado dele — Elena respondeu, limpando a boquinha do menino. — E você é o pai dele. Ele sente quando você está por perto.

Dominic a olhou profundamente.

— E você? — ele perguntou. — O que sente… estando aqui?

A pergunta pegou Elena desprevenida.

— Eu… não sei ainda — ela admitiu. — Mas quero fazer tudo da melhor forma possível. Por Liam.

Ele ficou calado por alguns segundos longos demais.

— Continue assim — Dominic disse finalmente. — Mas lembre-se das regras.

— Eu lembro.

Ele se inclinou para frente, apoiando os braços sobre a mesa.

— Não ultrapasse nenhum limite — afirmou, a voz grave. — Nem o meu. Nem o seu.

O ar pareceu prender no peito dela.

E naquele instante, Elena percebeu:

não era apenas Liam que estava se aproximando dela.

Dominic também estava.

Mesmo que negasse. Mesmo que tentasse bloquear.

A tensão entre eles crescia… silenciosa… perigosa.

E inevitável.

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