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2. O Primeiro Passo Para Consertar Minha Vida

A porta b**e na parede com tanta força que pulo e deixo minha bolsa cair no chão.

Mas quem entra não são os seguranças.

É um furacão de um metro de altura usando uma fantasia de astronauta e tênis que piscam, chorando como se alguém tivesse arrancado as asas do Buzz Lightyear.

— QUERO IR EMBORA! — ele berra, lançando um foguete de metal no chão com força suficiente para rachar o mármore.

Lucas solta um suspiro tão profundo que parece que a alma dele desceu até o térreo.

— Oliver. Para. Agora.

O menino ignora completamente.

Pega outro brinquedo da mochila e arremessa na direção do pai… mas acerta a xícara de café que acabei de trazer.

O café espirra no terno do Lucas e uma veia surge no pescoço dele, pulsando em modo “perigo iminente”.

— Oliver Knight Sinclair — ele diz, baixo e ameaçador. — É a última vez que falo com você.

O menino encara o pai, limpa o nariz na manga e solta um grito tão agudo que meus tímpanos pedem socorro.

Parece uma ambulância atropelando um gato.

De repente, entra uma mulher de uns vinte e poucos anos, cabelo preso e cara de quem está a dois segundos de sair correndo daqui, exatamente como a moça lá fora.

— Lucas, pelo amor de Deus, controla o seu filho! — Ela quase grita. — Duas candidatas foram embora dizendo que não voltam nem mortas. Sem falar que ele mordeu a perna da candidata quatro. Mordeu, Lucas. Como um cachorro!

Lucas fecha os olhos e respira fundo, provavelmente contando até um milhão.

— Sophia, leve seu sobrinho para a sua sala — pede, tentando não explodir. — Tenho reunião com os italianos em quinze minutos.

— E eu tenho trabalho, Lucas! — ela rebate, vermelha de indignação. — Sou sua vice, não a babá do seu filho!

Oliver aproveita o caos, corre até a mesa do pai, escala a cadeira giratória e começa a rodar gritando “EU SOU O REI DO MUNDO!”, enquanto chuta o ar como se estivesse lutando com fantasmas.

Lucas tenta pegar o menino enquanto discute com a irmã, mas Oliver solta um grito tão alto que meu ouvido até tampa.

— ME SOLTA, SEU CHATO! — ele berra, distribuindo soquinhos no peito do pai até Lucas largá-lo no chão.

Fico imóvel, tentando decidir se corro antes que ele me morda também… ou se continuo tentando a vaga porque, sinceramente, ninguém aqui parece lembrar que eu existo.

Mas claro que a vida não facilitaria para mim.

Oliver para de correr pela sala e olha diretamente para a minha bolsa caída no chão. Aberta.

Os olhinhos dele vão exatamente para o boneco do Homem-Aranha que está ali dentro. O boneco que meu irmão me deu no dia do enterro da nossa mãe, há três semanas.

Como se tivesse pressentido tudo que ainda aconteceria, Liam me parou antes de eu sair para o velório. Ele me abraçou, chorando, e disse: “Toma, Ivy. Pra você lembrar que a gente ainda é um time, tipo o Homem-Aranha e o Ned.”

Esse boneco é a única coisa que trouxe para me lembrar dele. O único pedaço de casa que ainda tenho.

Com os olhos brilhando, Oliver se abaixa e pega o boneco com as duas mãos.

Meu coração aperta. Isso não. Qualquer coisa menos isso.

— Ei, Oliver, esse não pode — digo rápido, estendendo a mão. — Esse é muito especial.

— MAS EU QUERO! — ele volta a gritar, apertando o boneco contra o peito como se fosse um tesouro recém-descoberto.

Olho para Lucas, esperando que ele faça alguma coisa, mas ele só me observa com aquela expressão neutra e avaliadora. Como se estivesse esperando para ver como eu me saio.

Sério isso? Meu objeto emocional virou teste prático de babá?

Respiro fundo. Se eu brigar por isso, perco a vaga de vez.

Se deixo… perco o Liam um pouco mais.

Oliver vira o boneco e aperta o botão. A teia dispara e gruda na parede com um “tac”.

— Isso é… o Aranha de verdade — ele sussurra, hipnotizado.

E então percebo: o que fisgou o pequeno não foi só o boneco. Foi a teia funcionando.

Algo que, pelo visto, não existe nas versões caríssimas e impecáveis que ele provavelmente já tem aos montes.

— Esse é especial porque foi do meu irmãozinho de cinco anos — digo baixinho, me abaixando ao lado dele. — E esse boneco… é a única maneira que tenho de ter o Liam perto de mim.

— Onde ele tá? — Oliver pergunta, franzindo as sobrancelhas. — Ele morreu igual ao meu hamster?

— Não, ele está vivo, só… não sei onde ele está — respondo, sentindo a garganta apertar. — Por isso esse boneco é tão importante.

Silêncio.

Oliver olha para o boneco. Depois para mim. Depois, para o boneco de novo.

— Posso… só brincar um pouquinho? — ele pergunta, com uma voz que, pela primeira vez, soa 100% humana. — Depois eu devolvo. Prometo.

Abro a boca para dizer não. É o Liam. É o meu pedacinho dele.

Mas quando olho para Oliver… Ele não quer só o brinquedo, ele quer que alguém finalmente confie nele.

Algo que, pelo visto, ninguém aqui faz.

— Tá bom. Você pode brincar um pouquinho — digo, engolindo as lágrimas. — Mas promete cuidar direitinho? Como um astronauta de verdade cuida dos equipamentos?

— PROMETO! — ele exclama, abraçando o boneco como se fosse um tesouro.

A sala fica silenciosa. Tão silenciosa que dá para ouvir o tic-tac do relógio.

Lucas e Sophia param de falar e me encaram como se eu tivesse acabado de expulsar um encosto.

— Você é uma bruxa? — Ela pergunta, chocada. — Porque eu já vi exorcista com mais dificuldade que isso.

— Ele só viu o meu boneco — respondo o óbvio.

— Não foi o boneco — Lucas diz devagar, ainda me observando. — Foi a maneira como você falou com ele. Como se… ele importasse.

— Não pode ter sido só isso, Lucas — Sophia retruca, ainda impressionada. — As outras também tentaram ser legais com o Oliver.

— Talvez nenhuma tenha sido honesta — respondo baixinho. — Crianças percebem quando você mente. E percebem quando você também está perdendo alguma coisa.

Lucas não diz nada, só me observa por alguns segundos que, sinceramente, parecem durar uma eternidade.

Por um instante, parece que tudo some. O caos, os gritos, o pequeno astronauta sequestrador de bonecos… e fica só aquele olhar verde me analisando.

Finalmente, ele olha para o filho. Depois, para a irmã, que arqueia as sobrancelhas como quem diz: “é essa, porque eu já desisti.”

— Qual é seu nome? — ele pergunta finalmente, seco.

— Ivy. Ivy Collins.

O CEO assente devagar, sem desviar o olhar.

— Você acabou de fazer o impossível em menos de trinta segundos, Srta. Collins — ele diz, com a voz rouca. — As últimas três não duraram nem isso.

— Ela é minha nova babá! — Oliver anuncia, levantando o boneco do Aranha como um troféu.

— Oliver…

— Essa tem o Aranha legal que solta teia, papai. As outras só choravam e saíam correndo.

Sophia aproveita a pequena discussão dos dois para sussurrar um “boa sorte” e desaparecer.

E pronto: fico sozinha com o CEO mais intimidante de Manhattan e o mini-terrorista que acabou de dar língua para o próprio pai antes de voltar a brincar com o Homem-Aranha.

Lucas solta um suspiro pesado, passando a mão pelos cabelos e destruindo o penteado perfeito.

— Uma semana — ele diz, num tom baixo, perigoso. — E você começa amanhã, às sete da manhã. Se sobreviver até segunda-feira sem pedir demissão, sem ser mordida ou sem matar meu filho… o emprego é seu.

— E você vai morar comigo! — Oliver praticamente grita. — O Aranha vai ficar no meu quarto de brinquedo!

Pisco, olhando para o menino e depois para Lucas, que ainda me observa como se estivesse decidindo se acabou de cometer o maior erro da vida.

— Morar… com vocês? — pergunto, franzindo a testa. — Isso não estava no anúncio.

— Disponibilidade total significa isso para mim — ele responde, seco. — Mas se não pode, talvez você não esteja precisando da vaga tanto quanto pensei.

Lucas volta a se sentar, como se o assunto estivesse encerrado.

Olho para Oliver, abraçado ao boneco do Liam… e depois para o pai dele, que tenta parecer neutro, mas está a um estresse de distância de um colapso.

E a verdade é: eu preciso desse emprego. Preciso desesperadamente. Esse salário é o primeiro passo para consertar minha vida.

Para tentar recuperar a casa da minha mãe.

Para ter alguma chance de encontrar meu irmão.

E mesmo sabendo que Oliver é praticamente um teste de sanidade em forma de criança, essa é a minha única saída. Meu recomeço.

Respiro fundo, me abaixo e pego meu currículo na bolsa.

— Aceito — murmuro, entregando o papel. — Aceito a semana. Aceito morar com vocês.

Um canto da boca de Lucas se ergue num quase sorriso. Quase. E, claro, parece cruel.

Ele digita algo no computador, me orienta a procurar uma senhora de nome impossível no RH para formalizar tudo e, instantes depois, meu celular vibra com um endereço desconhecido.

A mansão dos Sinclair, imagino.

— Bem-vinda ao inferno, Srta. Collins — ele diz, se recostando na cadeira. — Depois não diga que não avisei.

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