POV Heitor Montenegro
Eu estava em pé, olhando pela janela do meu escritório, tentando processar o turbilhão de emoções que explodiam dentro de mim. O hospital, o acidente, Elena… a dor dela, o desespero que eu vi nos olhos dela quando começamos a perder nosso filho, tudo se misturava. O sabor de ferro ainda estava na minha boca, o cheiro da ambulância, as sirenes cortando o ar. E, mais do que tudo, o vazio que eu sentia dentro de mim, a impotência de não poder salvar nada.
A porta se abriu com um estalo, e Célia entrou. Seu olhar era gélido, implacável. Ela caminhou até mim com aquele passo decidido que sempre me fazia sentir como se fosse apenas uma peça num jogo muito maior que eu.
— Heitor. — Ela disse meu nome como quem chama uma criança, mas a frieza na sua voz não deixava dúvidas: isso não era sobre afeto. — Se sentou?
Eu não respondi. Não precisava. Ela já sabia que eu não queria falar, mas não se importava. Ela não estava ali para perguntar como eu estava. Ela estava ali para