POV Isadora Ferraz
O relógio marcava 19:32. Minha mão tremia levemente ao passar o batom. Aquela cor vinho queimado, intensa, como se quisesse lembrar a mim mesma de que eu ainda estava aqui. Que eu ainda era mulher, e não só sobrevivente.
A barriga ainda era invisível. Mas o peso do segredo? Não. Esse crescia mais a cada passo.
— Vai com o verde — Olívia gritou da sala, sem nem olhar. — O vestido verde. Deixa o Dante sem ar. E confunde ele. Que homem não surta com mistério?
Soltei uma risada curta, nervosa. O verde-musgo de alcinha, decotado nas costas e com fenda lateral, estava pendurado ali, me encarando como se dissesse: "Você ainda sabe ser desejada."
— Não sei se… — comecei, mas Olívia apareceu na porta com os braços cruzados.
— Vai, mulher. A noite é tua. O Dante também.
Levantei as sobrancelhas, mas cedi. O tecido escorregou pelo meu corpo como um sussurro antigo. Ele me abraçava nas curvas certas, disfarçava o enjoo, e deixava meu pescoço exposto. Vulnerável. Forte.
Penteei