POV Isadora
Assinar papéis é fácil. O difícil é assinar o que não se diz.
Enquanto o corretor organizava os documentos, eu observava Dante de longe, conversando com o homem sobre prazos, reformas, mudança. Ele estava empolgado, com aquele brilho juvenil que fazia tempo que eu não via. E mesmo assim, eu sentia algo latejando no fundo do peito.
Camila.
Aquela ligação não era sobre trabalho. Não era só preocupação corporativa. Eu conhecia o tom da voz dela, já tinha ouvido antes, dias atrás, naquele jantar, quando ela sorria demais pro homem que agora era o pai da minha filha.
Mas ele a rejeitou, eu sabia disso. Então por que ainda soava como uma ameaça?
— Isa? — A voz de Dante me puxou de volta. Ele se aproximou, sorrindo. — Eles vão liberar a casa em duas semanas.
— Duas semanas?
— É. Dá tempo de arrumar tudo, comprar o que faltar… — Ele me olhou com ternura. — A gente vai começar direito dessa vez.
Eu sorri. Ou tentei. Mas o olhar dele demorou em mim.
— Tá tudo bem?
— Tá. —