POV Isadora
O relógio marcava sete e quarenta e cinco quando ouvi a porta da frente bater.
Mais uma vez, Dante saía antes que eu pudesse sequer tomar o café com ele.
O som dos passos apressados no corredor, a voz baixa falando ao telefone, o barulho do motor do carro, tudo se tornara parte da minha rotina.
Nos últimos dias, a mansão Harrison parecia mais um eco vazio de horários e compromissos do que um lar.
A empregada deixou uma bandeja de frutas sobre a mesa, mas o cheiro do café recém-passado me enjoou. Peguei minha caneca, caminhei até a janela e olhei para fora: o jardim estava coberto de uma luz fria de outono. Sofia dormia no moisés, tranquila, respirando aquele ar inocente que só os bebês têm.
Suspirei, apoiando o queixo na mão.
Duas semanas.
Duas semanas desde o jantar na casa Harrison, desde o primeiro dia de Dante na empresa do pai.
Duas semanas desde que o sorriso dele começou a desaparecer, substituído por cansaço e um olhar distante que ele tentava disfarçar com beijos