POV Dante Harrison
Ver Isadora entrar na editora daquele jeito — pálida, os olhos arregalados, a respiração descompassada — me fez lembrar de uma coisa:
Ela está em guerra.
E guerra deixa marcas.
Fui direto pra segurança.
— Preciso das gravações do estacionamento, entrada e frente do prédio.
Hoje. Entre 7h e 10h.
O segurança quis perguntar por quê.
Mas meu olhar matou a dúvida.
Peguei o acesso.
Fui pra sala de monitoramento.
As câmeras rodavam rápido.
Movimento, carros, ônibus, gente passando.
E então…
ali.
Na entrada lateral.
Um homem de moletom cinza.
Exatamente como ela descreveu.
Zoom.
A imagem tremia, mas estava clara o suficiente.
Cabelo curto.
Óculos escuros.
Andava como quem conhecia o terreno.
Pausei.
Olhei fixo.
E então…
Abaixou os óculos.
Olhou direto pra câmera.
Sorriu.
Um sorriso longo, debochado, sádico.
Capturei o frame.
Enviei pro meu celular.
Mas algo no rosto me incomodava.
Algo… familiar.
Voltei ainda mais.
Busquei outras gravações.
De dias atrás.
E ele estava lá.
N