POV Isadora
Nunca pensei que o silêncio pudesse ser tão cheio. A casa estava mergulhada em uma calma que não lembrava em nada os últimos meses de guerra e tensão. O único som que ecoava pelos cômodos era o resmungo suave de minha filha, aninhada contra o peito de Dante, que andava de um lado para o outro pela sala como se carregasse uma joia rara.
Eu o observava da poltrona, os pés erguidos sobre um banquinho improvisado, tentando dar descanso ao corpo ainda dolorido do parto. O cansaço me dominava, mas não havia nada que me fizesse fechar os olhos. Não queria perder a cena diante de mim.
Dante, o homem que tantas vezes eu vira endurecido pelas pressões da vida e pelas mágoas de família, agora falava baixinho com uma recém-nascida. A cada passo, seu rosto se suavizava. Ele a olhava como se ela fosse o primeiro milagre que ele ousava acreditar.
— Você tem noção do que está fazendo comigo, pequena? — murmurou, apoiando a cabeça dela no ombro largo. — Acabou de nascer e já manda no coraç