POV Isadora
Eu me olhava no espelho e mal reconhecia a mulher que estava ali.
O vestido de noiva não era apenas um tecido costurado em linhas perfeitas, era quase uma armadura feita de seda, marfim e coragem. O corte delicado abraçava meu corpo com suavidade, a saia longa escorria pelo chão em ondas e, quando mexia levemente o quadril, parecia que eu carregava um pedaço de rio comigo.
O decote em V nas costas revelava a pele que tantas vezes eu escondi, e agora parecia me gritar em silêncio: “você não precisa mais se esconder”.
A maquiadora ajeitou o último traço de delineador e se afastou, satisfeita. O coque baixo já estava firme, preso por pequenas pérolas que brilhavam discretas.
Duas mechas soltas emolduravam meu rosto, lembrando que, por mais que tentassem me encaixotar em moldes, eu sempre teria um pedaço rebelde escapando.
Foi nesse instante que o celular vibrou. Meu coração deu um pulo. Peguei o aparelho, e a tela acesa quase me fez derrubar o buquê que ainda estava sobre a c