POV Isadora
A casa ainda tinha cheiro de nova, aquele misto de tinta fresca e madeira recém-polida. As paredes estavam nuas, as caixas espalhadas pelos cantos, mas, para mim, já era o lar que sonhei tantas vezes. Uma promessa de recomeço.
E foi justamente nesse espírito de novidade que cometi meu primeiro erro: convidei Leyla para jantar.
Ela aceitou com entusiasmo, como se fosse natural retomar a amizade após tantos anos de silêncio. Passei a tarde organizando detalhes simples, um prato de massa, pão assado, suco gelado, nada luxuoso, mas íntimo.
Eu queria mostrar a ela o que estava construindo, queria que ela visse que, mesmo em meio ao caos, havia felicidade.
Dante, no entanto, não parecia compartilhar do mesmo ânimo. Desde que mencionei o convite, ele ficou quieto demais. Agora, enquanto eu ajeitava a mesa improvisada, vi-o encostar no batente da porta, braços cruzados, olhar fixo em mim.
— Então… a tal amiga de infância vem mesmo? — perguntou, com um tom calmo demais para ser nat