DamianO dia nasceu pesado, com aquele brilho de trovão que antecede tempestade. Eu já estava no pátio interno quando os batedores assobiaram duas vezes, sinal de “algo estranho nos portões”. Cheirei a brisa, chuva distante, ferro, barro… e um rastro novo, fino como linha de prata. O cheiro levantou minha cabeça antes do pensamento.— Abra. — ordenei, e as correntes gemeram quando os portões se moveram.Ela estava caída na entrada, meio corpo na lama, meio nas pedras, como quem foi cuspida pela noite. Vestia uma túnica de tecido barato, encharcada até os ossos, e tinha sangue seco colado ao pescoço como um colar errado. Respiração curta, teimosa. Bonita do tipo que não sabe que é. E havia aquilo. O cheiro lunar, raro, um frescor frio no ar, como água que conhece estrela.Blaze, meu lobo, acordou como um raio.— “Pertence a nós.” — ele rosnou dentro de mim, não como aviso, mas como constatação.— Cale-se e me ajude a pensar. — devolvi com um humor que eu não sentia. Mas meus pés já se
Leer más