Bashir se afastou mais dela.—Não aceitei, não mudei de ideia. Mas pensei melhor, e não quero impor isso a você. Quero que isso parta de você.Camila disse, depois de dar um suspiro. — Que ótimo! Bashir esclareceu, seco.— Não gosto de sentir o que sinto por você. Você me deixa fora de mim. Mas não consigo evitar. Sinto–me um drogado. Quando passo por cima do que sinto, assistindo você expor seu corpo daquele jeito.Camila disse impaciente.— Bashir, sou parte do show. Não sou o Show! Os músicos, os cantores, fazem seu show, e eu apenas sou um complemento.—Sei disso. Saiba que se subisse sozinha ali, não estaria lá naquele palco.Camila assentiu e o viu focalizar as sacolas no chão.—É tão difícil assim aceitar um presente? —As feições dele já tinham mudado novamente, estava frio, inquieto.Camila via um guarda-roupa inteiro ali, e ele achava que era um simples presente.Camila para não discutir mais, disse:— Tudo bem. Se te faz feliz que eu aceite. Vou agora mesmo, experimentá-

Assim que os olhos dele me encontraram, vi surgir em seus lábios um sorriso torto — aquele sorriso que sempre parecia me desarmar. Parecia realmente feliz em me ver. O olhar dele então deslizou pelo meu corpo, apreciativo, demorando-se no meu vestido. Senti minhas pernas tremerem quando avancei na direção dele, tentando sorrir, mas o que saiu foi quase um sorriso nervoso.Bashir mantinha aquele sorriso no rosto quando me puxou para um abraço firme.— Estava me procurando? — murmurou, antes de se conter e dar um passo atrás. — Vem.Eu o segui até a suíte. Ele abriu a porta depressa, entrou e, assim que entrei também, ele a fechou com o pé. No instante seguinte, fui tomada pelos seus braços. Os lábios dele tomaram os meus com uma intensidade que me fez perder o chão. Não havia mais contenção, nem hesitação. As mãos dele percorriam minhas costas com urgência, e sua boca desceu para o meu pescoço, dizendo meu nome baixinho enquanto mordiscava minha pele.De repente, ele me afastou. O bril

A música exigia que meus quadris trabalhassem sem descanso. Senti a vibração dos tambores subir pelas pernas e dominar minha cintura. Deixei que meu corpo seguisse o ritmo — braços erguidos, mãos desenhando o ar, todo o meu contorno acompanhando a batida. Meus cabelos ondulavam sensualmente a cada giro, espalhando ondas escuras ao meu redor.Quando a canção de Odar terminou, as palmas explodiram. Alguns assobios se destacaram, mas mantive o rosto profissional, agradecendo com uma leve inclinação de cabeça.Odar recolheu seu instrumento. Agora era minha vez de dançar só ao som dos músicos. Wagner, sabendo do impacto da minha primeira apresentação, já havia combinado com eles que eu faria os mesmos solos de antes — dois solos seguidos daquela vez.Respirei fundo. Eu estava ali para dar o meu melhor. Era o que me pagavam para fazer. E eu faria perfeitamente.Mais tarde, no camarim, eu estava tirando minha bata quando a porta se abriu com brusquidão. Nem me espantei ao ver Bashir do outro

Tudo aquilo era muito novo para mim. Eu nunca tinha feito uma viagem até Londres — na verdade, nunca tinha viajado para lugar nenhum. Conforme o carro avançava, eu olhava pela janela, completamente encantada. E, ao mesmo tempo, triste… pois percebia como eu tinha me fechado no meu pequeno mundo. Nunca pensei em sair de St. Lawrence. Não sabia o que falava mais alto dentro de mim: o comodismo ou o medo de me arriscar.E se eu pensasse bem… não era assim também com Bashir? Quando ele me pediu em casamento, o medo de me prender a alguém se fez tão presente.A verdade é que eu nunca me arriscava.Depois de duas horas de viagem, passamos por um bairro rodeado de mansões, uma mais linda que a outra. Vi quando Rodrigues se dirigiu a uma delas — muros altos, brancos, impecáveis. Ele se identificou na portaria, os seguranças abriram o portão, e então entramos na propriedade de Zaida Ayman.Quando o carro estacionou, Rodrigues me ajudou a descer e pegou minha mala. Zaida já me esperava, pois lo

A rejeição que fiz a Bernard teve o efeito oposto ao que eu esperava. Ele ignorou meu pedido, agarrou meu rosto e me beijou à força. Eu mal tive tempo de empurrá-lo quando a porta se abriu — e, num segundo, Bernard foi arrancado de cima de mim com brutalidade.Meu coração parou.Bashir estava ali.Pálido.A alça do meu biquíni tinha caído, quase expondo meus seios. Arrumei às pressas, enquanto a expressão dele virava pedra. Um nó gelado se formou no meu estômago.— Não, Bashir! Não é nada do que você está pensando! — implorei, a voz quebrada.Os olhos dele percorreram meu corpo — vulnerável, bagunçado, frágil — e eu juro que nunca o vi tão perto de perder completamente o controle. Depois seu olhar se cravou em Bernard, e a ira ali era tão intensa que eu temi pelo pior.Bernard olhou para mim, depois para Bashir, com aquela arrogância nojenta.— Você está invadindo nossa privacidade — disse, como se tivesse algum direito. — Por favor, se retire. Camila e eu temos um assunto particular.