Eu sou o caçula dos Ferrari. Trinta e dois anos.Meu pai, Luigi, vive dizendo que eu sou o filho com juízo, o mais centrado, o que vai fazer um bom casamento… tudo porque o Marcos não seguiu as expectativas que ele criou para o primogênito.Desde pequeno o Marcos dizia que ia construir a própria empresa. Minha mãe tentava explicar que não precisava, que nosso pai já era rico e que ele precisaria de nós para continuar a Ferrari. Convencia? Claro que não. Ele sempre soube o que queria. E nós sempre tivemos um acordo silencioso: um apoiaria o outro.Eu, ao contrário dele, sempre fui apaixonado por carros. Eu sabia que seria o sucessor do meu pai. Me preparei para isso. E, quem sabe, um dia até supero ele.Por outro lado… eu adoro sair com mulheres, mas sem compromisso. Gosto de viver além do empresário. Só que sempre com discrição. Até cheguei a namorar a filha de um amigo do meu pai por dois meses, mas nós dois queríamos só curtir. E eu nunca vou ficar com alguém para agradar ninguém.A

Ninguém está preparado para um encontro como esse… conhecer seus próprios filhos pela primeira vez.Quando entrei na UTI Neonatal, senti meu coração disparar. Ver aqueles seres tão pequenos, que saíram de mim, frutos do nosso amor, me deixou completamente estasiada. Era um amor tão grande que parecia me atravessar inteira, um amor que não dá pra explicar.Assim que cheguei perto da nossa filha, ela abriu os olhos. Me olhou tão intensamente que por um segundo jurei que ela me reconheceu.— Oi, filha? — minha voz saiu trêmula.As lágrimas já escorriam. Marcos estava ao meu lado e chorou em silêncio, tentando se manter firme.— Sou eu… a sua mamãe — sussurrei. — Me perdoa por não ter te protegido como eu deveria… mas eu prometo que serei a melhor mãe que conseguir ser. Vou dar o meu melhor todos os dias. Vou te ensinar tudo que aprendi. E também a nunca aceitar ser amada pela metade, porque todo amor que você vai receber de nós será inteiro. Te amamos desde o primeiro instante. Obrigada

Quando ele terminou, meu peito ficou cheio.Era alívio.Era entrega.Era confiança.Era ele, enfim, me colocando no lugar que sempre foi meu.— Eu sabia, Marcos… você tem ótimos amigos, que se preocupam com você, meu amor — digo olhando nos olhos dele. Respiro e continuo. — E saber de tudo isso me fez perceber que, no princípio, você não queria nada sério por medo. Medo de viver tudo isso de novo.Ele confirma com um movimento simples, sem desviar o olhar.— Quando por meses você não me disse nada, eu fiquei insegura — minha voz sai tranquila, mas verdadeira. — Eu fui ensinada que confiança é a base de tudo. Sempre tentei ser sincera… justamente por isso. Mas ainda assim não consegui deixar de sentir insegurança. Eu sei que você demonstra seu amor todos os dias, eu sei. Mas eu sou mulher… e sou humana.Ele apenas segura a minha mão. Ele me ouve. Eu sigo.— Nós nos conhecemos e, de cara, eu me vi grávida. Meu corpo mudando, meu humor mudando. Eu amo nossos filhos de um jeito que ningué

Os negócios da empresa sempre foram algo que fluiu com facilidade pra mim. Me preparei pra comandar tudo desde que nasci.Comecei cedo — fui estagiário, fiz o caminho inteiro. Nunca subi porque era filho do dono, subi por mérito.Senhor Luigi nunca pegou leve comigo. Por ser filho dele, parecia que eu tinha obrigação de ser ótimo em tudo. E eu me esforcei pra não decepcionar — não só ele, mas eu mesmo, pelo que eu queria, pelo lugar que eu queria chegar.Estou aqui no quarto do hotel, whisky na mão, revisando documentos e contabilidade. Temos negócios no mundo todo, equipes competentes, líderes sólidos. Todos os setores administrativos enviam relatórios mensais pra nossa sede. Meu pai tem olhos de águia pra negócios, sempre teve. Aprendi muito com ele.Hoje, com um setor tecnológico de ponta, sabemos de tudo com precisão. É um recurso que facilita… e muito.Da minha mãe, aprendi outra coisa: que mesmo tendo mãos de aço nos negócios, é preciso leveza nos círculos íntimos. Gosto de acre

Depois das primeiras semanas juntos, a pediatra chegou logo cedo trazendo uma ótima notícia. A partir daquele dia, as crianças ficariam apenas no berço. Estavam bem, sem nenhuma intercorrência, ganharam peso, e eu também estava bem. Já me movimentava sozinha — claro, com limitações por causa dos pontos —, mas me sentia realmente forte.Meu leite já era suficiente para alimentar meus filhos, e o Marcos adora me ver amamentar. Ele sempre diz que é lindo de se ver, e o jeito como fala isso me aquece por dentro.Fui tomar meu banho enquanto a Sônia e a Nina organizavam as mudanças no quarto. A Nina é a outra enfermeira que reveza com a Sônia. Ela é ótima, muito atenciosa, mas com a Sônia tive uma afinidade imediata, dessas que não se explicam. O Marcos percebeu isso também. Tanto que fez uma proposta para que a Sônia continuasse conosco depois da alta. Ela é enfermeira, ama crianças, e com ela perto nos sentiríamos mais tranquilos — inclusive quando chegasse a fase da creche lá na empresa