Lívia estava inquieta, andando de um lado para o outro dentro da casa, como se a cada passo tentasse convencer a si mesma de que não estava fazendo nada de errado. Mas, no fundo, sabia que fazia o impensável. Criar aquele perfil num aplicativo de relacionamentos parecia, por si só, uma confissão de fraqueza. Pior ainda: aceitar o encontro, confirmar o horário, dar o endereço. Tudo parecia carregar um peso imenso de vergonha. Para não correr riscos, escolheu a casa da avó, um lugar afastado, silencioso, seguro dos olhares julgadores de algum conhecido. Se alguém descobrisse, não suportaria. E ainda assim, havia limites que não ousara cruzar: não teve coragem de marcar encontro com uma mulher. Aquilo já seria demais. Por mais que fossem mulheres as protagonistas dos vídeos que ela consumia religiosamente, acompanhada do vibrador que se tornara quase um companheiro fiel, marcava com um homem. Um rosto qualquer, um corpo qualquer, só para ter a sensação de estar arri
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