A noite estava fria, pesada, como se algo no ar já anunciasse a tragédia. Eu saí do trabalho mais tarde do que o habitual, o estacionamento estava deserto, o vento úmido anunciando que a chuva não tardaria. Apertei o casaco contra o corpo, com a estranha sensação de que alguém me observava.No início, pensei que era apenas minha imaginação. O efeito de noites mal dormidas, de memórias que não me deixavam em paz. Mas, quando ouvi o som de passos atrás de mim, o arrepio na minha pele confirmou: não era paranoia.— Tessa. — A voz masculina me fez gelar.Virei devagar, e meu coração afundou. Era Arthur. Meu ex, que jurei nunca mais ver. O mesmo que, anos atrás, mostrara um lado sombrio, doentio, controlador. Eu havia me livrado dele a duras penas, mas ali estava ele , parado diante de mim, o sorriso frio iluminado pelos postes fracos do estacionamento.— O que você está fazendo aqui? — perguntei, tentando soar firme, embora minha voz tremesse.— Vim te buscar. — Ele deu um passo à frente.
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