— Mãe... — disse ela, a voz trêmula, quase engasgada pela pressa. — Eu preciso falar com você.Nastasia pousou a caneta sobre a mesa e entrelaçou as mãos, observando a filha com um olhar firme, mas não impaciente. Leonarda permaneceu imóvel, mas seus olhos se estreitaram, captando a gravidade da cena.— O que houve, Nastya? — perguntou a mãe, em tom sereno, como se quisesse acalmar a maré de emoções que a filha trazia consigo.Nastya deu alguns passos adiante, hesitando por um instante. Era como se precisasse reunir forças para soltar o que carregava preso no peito.— Eu... — respirou fundo, engolindo a angústia. — Eu preciso ir para o mundo humano.A afirmação caiu na sala como uma pedra em um lago tranquilo. Leonarda arqueou discretamente a sobrancelha, mas se conteve. Nastasia, por sua vez, manteve a calma, mas dentro de si uma chama de curiosidade se acendeu.— O mundo humano? — repetiu a mãe, como quem pede explicações a uma criança que ousa demais. — E o que exatamente você imag

Theodor manteve-se um passo atrás, atenta a cada detalhe, registrando mentalmente as expressões e hesitações. Johon fez sinal para que se sentassem, e permaneceu de pé, ainda dominado pelo peso do ocorrido no beco.— É melhor eu começar do início — disse, respirando fundo. — O que aconteceu não foi um simples incidente. Foi uma situação que poderia ter terminado em tragédia.Lion inclinou-se levemente para frente, atento. — Continue. Preciso de todos os detalhes.Johon ajeitou os ombros antes de prosseguir:— Vou lhes contar exatamente como Camila descreveu. Ela disse que naquela noite não conseguiu dormir. O gatinho escapou pela janela e, sem pensar duas vezes, foi atrás dele. Você sabe como é, coração maior que a prudência. Seguiu o animal até um beco e… lá tudo começou.Camila encontrou dois homens. Um deles estava banhado em sangue, caído no chão, quase irreconhecível. O outro, ferido, cambaleava após ser arremessado contra a parede. Não eram simples humanos — ela percebeu isso pe

Crystofe levantou-se devagar, coçando a cabeça. — Acho que precisa de um antiácido. Essa conversa está te virando ao avesso — disse, caminhando até a porta. A iluminação acentuava as linhas do rosto; dava para ver o cansaço acumulado nas últimas semanas.Quando a mão dele pousou na maçaneta, Alexander interrompeu, a voz cortando a vontade do amigo de sair.— Tem mais uma coisa — murmurou Alexander, pesado. Crystofe voltou a cabeça, atento. — O pai dela é Johon.O nome caiu na sala como uma bomba. Crystofe engoliu em seco, a expressão mudando num instante: surpresa, cálculo, entendimento precoce das ramificações.— Johon? — repetiu, a incredulidade já substituída por cálculo frio. — Isso complica tudo.Alexander não precisou dizer mais. A porta se abriu; Crystofe hesitou um segundo, puxou o ar.— Vou pegar o antiácido, até eu estou precisando tomar um depois disso. — disse, quase num sussurro, e então saiu. Lá fora, os passos do corredor sumiram, e a sala ficou só com o som do relógio

O magnetismo da festa estava apenas começando. Alexander continuou interagir com Crystofe, Lion e Johon, cada palavra calculada com o intuito de evitar seu lobo e a ansiedade que o cheiro de morango, maçã e flor de hibisco causava, cada movimento medido, sem contar a pressão dos olhares, ele sentia a energia feminina ao redor — a curiosidade, a admiração e, em algum lugar entre os aromas e olhares, uma presença que começava a chamá-lo sem que ele pudesse ver claramente.No quarto, Camila se encontrava diante do espelho, o vestido que realçavam a leveza e a elegância de seu corpo jovem. Cada flor parecia bordada ganhando vida sob a iluminação, cores vibrantes e tons pastel harmonizando com a aura pura que emanava.— Está pronta, pequena? — perguntou Mariana, entrando no quarto com um sorriso carinhoso, ajustando levemente os brincos de Camila.— Quase… ainda quero colocar o colar que comprei — respondeu Camila, ajeitando os cabelos e passando os dedos pelos fios negros que refletiam um

Enquanto os convidados se movimentavam, cumprimentando uns aos outros e realizando apresentações discretas, Alexander continuava observando Camila com atenção silenciosa, absorvendo cada gesto, cada sorriso, cada detalhe da presença pura e encantadora dela.— É evidente — comentou Mariana mentalmente, ainda olhando discretamente — Ele não desvia os olhos dela por nada. Que cara de pau.Camila, mesmo ocupada em cumprimentar os convidados e receber elogios, sentia o magnetismo silencioso de Alexander. Cada movimento dele parecia calculado, mas cheio de emoção contida, como se ele tentasse conter a intensidade da conexão que pulsava entre eles.A festa continuava com glamour absoluto: empresários renomados e figuras da alta sociedade eram apresentados a Camila, mas cada interação parecia secundária diante da presença magnética que Alexander emanava. Thábata, de longe, observava Alexander com olhos atentos, notando que ele também captava os olhares dela, ignorando discretamente seus olhare