(POV Selene) Acordo com a sensação de que alguém me observa. O ar do depósito está frio, úmido, mas é como se um calor tivesse ficado preso na minha pele. Viro o rosto devagar, os olhos ainda pesados, e encontro Dorian sentado na escuridão, em silêncio absoluto. Ele não se move, mas sei que está desperto. Sei que os olhos dele estão em mim, mesmo que a sombra esconda. É uma presença que pesa, que prende, como se a sala toda respirasse com ele. Meu coração dispara, e tento me convencer de que é só pelo medo. Mas não é. O selo lateja no pulso, suave, quase como um coração batendo fora do lugar. Tapo a cicatriz com a outra mão, mas o brilho insiste em me lembrar que não é só um acidente de infância. É algo que desperta cada vez que ele está perto. — Dormiu mal. — A voz de Dorian preenche o espaço, grave, profunda, como se tivesse atravessado minha pele. Não é pergunta. É constatação. — Você... estava me vigiando? — minha voz falha, mas consigo manter firme o olhar. Ele não hesita.
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