Lisanne saiu da biblioteca em silêncio, cruzando o longo corredor da mansão. O som dos próprios passos ecoava como um sussurro pesado entre as colunas de pedra e madeira. Ela passou por todos que ainda estavam reunidos no salão principal. Não disse nada. Nem precisava. Seu olhar estava distante, perdido em alguma dimensão entre a compreensão e o colapso. Mas era impossível não notar as lágrimas contidas nos olhos — presas ali por pura força de vontade. Seu semblante permanecia firme, erguido, como se ela se recusasse a deixar que aquela dor se tornasse pública.Ninguém ousou impedi-la. Ninguém teve coragem de romper aquele fio invisível que a separava do resto do mundo naquele momento. Ao chegar ao quarto, fechou a porta com um leve empurrão. E por alguns segundos, apenas ficou ali, parada. Então as paredes pareceram ceder junto com ela. Foi até a cama, deitando-se na mesma. O choro veio em ondas — não um pranto contido, mas um grito mudo de tudo o que havia engolido até agora. O medo

“Esse laço é maior do que amor. É memória, dor, pulsação ancestral"Mais tarde, o salão principal foi preparado por Hérus para uma conversa que ninguém poderia adiar. Lisanne, ainda com os olhos cansados, se sentou ao lado de Josy. Nick brincava com um pedaço de pão, tentando aliviar o clima, e Lara escutava atenta. Cléo permanecia calada, e Day, observadora. Hérus surgiu com a calma de sempre, mas havia um peso diferente em seus olhos.— O Conselho enviou o chamado — anunciou. — A reunião será hoje, ao pôr do sol. O silêncio caiu como névoa.— Assim tão rápido. Qual é a pressa deles agora? — Josy perguntou, encarando Hérus.— Parece que houve mudanças e eu não fui informado, isso está estranho. Mas não temos tempo para pensar nisso agora. Lisanne, preciso que me diga qual foi a sua decisão sobre a nossa conversa.— Eu decidi que sim, irei tentar dar uma chance ao que você falou, e irei ao conselho, não irei fugir.— Fico grato por sua decisão.— E... o que vai acontecer exatamente, n

“As runas do selo queimavam sob sua pele, traços distintos demais para qualquer idioma conhecido atualmente. Pertenciam a algo mais antigo, nascido nas mãos da própria criadora de suas maldições. Cada símbolo pulsava como se carregasse um nome. Um comando. Uma sentença.”"Aplicado apenas pelos ancestrais, o Selo de Ruptura marca o corpo e a alma daquele que trai a ordem ou desafia a estrutura do Conselho. As runas entalham o espírito, e as raízes de dor se espalham lentamente, tornando cada instante uma lembrança do que foi perdido — e do que foi proibido sentir novamente."Selo de Ruptura Interna (ou apenas Selo da Ruptura)É um ritual punitivo ancestral usado pelo Conselho para conter vampiros considerados perigosos, instáveis ou insubordinados — especialmente os que desafiam ordens em situações políticas delicadas. Ele age como uma forma de amputação mágica parcial da essência vampírica, sem causar morte, mas comprometendo sua força e sensações.O que ele faz?Reduz a força vampíri

 A mansão permanecia silenciosa desde a chegada de Arthur. Mesmo os sons costumeiros — passos, portas, vozes distantes — pareciam menores, mais contidos. Lisanne observava da janela do segundo andar, o céu encoberto pelas nuvens da noite, e a lembrança da conversa com o ancestral ainda pulsava em sua mente.Arthur não falava por vaidade. Suas palavras tinham peso porque vinham de séculos de observação. E naquele encontro, ele dissera a ela exatamente o que não queria ouvir, mas talvez o que precisava.Agora, com essas frases em sua mente, se via refletindo para chegar em alguma conclusão e tomar uma atitude.Lian estava acordado. O quarto estava silencioso, e a luz da lamparina projetava sombras longas nas paredes. O selo da ruptura ainda marcava seu peito, mas a dor parecia menos intensa. Ele já não gritava por dentro. Apenas sentia.A porta rangeu suavemente. Cléo entrou, sem cerimônia, com um pano úmido e uma pequena bacia com água.— Você não precisa fazer isso — Murmurou Lian.—

Os dias que se seguiram àquele episódio na mansão pareciam se desenrolar em um ritmo próprio — denso, pesado, quase opressor. A rotina seguiu, mas nada estava exatamente igual.Na ala de treinamento, os sons eram outros. Correntes se arrastando, o impacto seco de estacas de madeira no chão, cordas sendo lançadas, lâminas de arremesso cortando o vento. Não eram apenas combates, mas sim simulações táticas de contenção, fuga e defesa. Hérus circulava entre os grupos, a expressão endurecida, olhar afiado, sem traços de paciência.— Mais rápido, Nick! — rosnou, chutando uma corrente no chão. — Se for pego desse jeito, não dura um segundo.Nick deslizou, rolou e tentou se desvencilhar das armadilhas improvisadas. Josy, do outro lado, lutava para se livrar de uma corda presa nos tornozelos enquanto bloqueava um golpe falso vindo de Cléo.— Isso não é só força. É cabeça. — Hérus gritou, lançando uma adaga que se cravou no tronco de madeira onde Cléo deveria ter se escondido. — Se pensarem com