O Diário de AdamAdam entrou no quarto silencioso, com o tablet da mãe em mãos. Ligou o aparelho e a tela iluminou seu rosto. Antes de qualquer palavra escrita, o que chamou sua atenção foi a capa do livro.Uma imagem escura, sóbria, elegante — nada explícito. Apenas um portão de ferro imponente, com arabescos que lembravam grades de catedrais antigas. Abaixo, em letras finas e douradas, o título: Convite VIP.Ele franziu a testa. “Interessante… não há corpos nus, não há correntes brilhando ou chicotes em destaque. A capa fala de poder, não de carne. Essa autora entendeu algo: o verdadeiro dominador não precisa exibir suas armas. Basta uma porta fechada, uma insinuação, e a imaginação faz o resto.”Passou os dedos pela tela, ampliando os detalhes. A estética minimalista o atraiu. “É exatamente o que se espera de quem conhece esse mundo. Quem ostenta demais não entende nada. O silêncio pesa mais do que o grito. A sugestão é mais poderosa que a cena

Adam fechou o tablet devagar, passando a mão sobre a capa do e-book como se acariciasse um objeto precioso.— Por hoje chega… — murmurou para si mesmo. — Não vou mais ler. Mas pelo que estou percebendo, essa autora não escreve as práticas nem as cenas explícitas… ela sugere. Ela faz análise psicológica dos personagens. Interessante. Amanhã eu leio mais um capítulo. Agora já estou com sono… amanhã é outro dia.Levantou-se, foi até o banheiro, tomou um banho demorado, deixou a água quente escorrer como se lavasse a mente. Escovou os dentes, vestiu a camiseta de dormir e, antes de deitar, tomou o ansiolítico prescrito pela psiquiatra. Apagou as luzes, ajeitou-se na cama e respirou fundo.O sono veio pesado, mas não tranquilo.No sonho, ele estava novamente dentro do clube. As paredes de pedra, o X de ferro, o cheiro de couro — tudo tão vívido que parecia real. No centro do salão, Ava surgia. Mas não era como as outras mulheres que ele vira tantas vezes aj

O sol mal havia despontado pelas cortinas do apartamento quando Adam despertou, ainda com o coração acelerado. A cena da noite anterior queimava em sua mente como se tivesse acontecido de verdade. Ele respirou fundo, passou as mãos no rosto e levantou-se devagar. O cheiro de café recém-passado e pão aquecido veio da cozinha. Sua mãe já estava de pé, ocupando-se em arrumar a mesa como se aquela fosse a rotina natural da vida dela. Mas agora havia algo diferente: Clarence parecia leve, solta, quase sorridente.Adam se aproximou, puxou uma cadeira e, antes de sentar, soltou num suspiro carregado de inquietação:— Mamãe, eu tive um sonho...Ela ergueu os olhos do bule que servia, curiosa, e notou a seriedade no rosto do filho.— Um sonho? — perguntou, com aquele tom suave, mas firme, de quem agora começava a aprender a escutar e não apenas se calar. — Quer me contar?Ele respirou fundo.— Eu me vi no clube... — começou, hes