☆ Aneliese Moore ☆Faz alguns bons minutos que chegamos à casa dos meus pais — quase trinta minutos ou um pouco mais do que isso, pra ser exata, mas quem está contando? Ah, certo, eu estou. E nesse exato momento, me encontro encostada na ilha da cozinha — esse santuário de mármore que testemunhou desde brigas épicas até reconciliações dramáticas — ao lado de Emy. Nós duas estamos ali, de braços cruzados e expressões idênticas: um misto de incredulidade e puro entretenimento, enquanto observamos nossos pais, nossa tia e até nossos avós rodearem Alexander como se ele fosse uma criatura recém-descoberta em um documentário da National Geographic.E o pior de tudo — o pior — é que ele parece absolutamente à vontade. Alexander Blake, com toda a sua compostura britânica e aquele sorriso que parece ensaiado em frente ao espelho, está lidando com todos eles como se tivesse nascido para ser o centro das atenções. O que, convenhamos, não é exatamente mentira. Sendo quem ele é — CEO, arquiteto

● Aneliese Moore ●Saímos da casa dos meus pais há alguns minutos.Antes de irmos embora, Alexander foi praticamente intimado a comparecer ao almoço de domingo — sem chance de recusa, sem brecha pra desculpas. Conhecendo minha mãe como eu conheço, isso já era previsível.Quando finalmente entramos no carro, deixei escapar o ar que estive prendendo a noite inteira. Foi como abrir uma represa. Alexander, ao meu lado, soltou uma risada leve, e eu o encarei arqueando as sobrancelhas.— Isso foi divertido. — disse ele, com um sorriso largo, desses que raramente aparecem na empresa. — Sua família é... divertida.— Caótica, você quis dizer. — respondi, rindo também. — Bem, Alexander Blake, você oficialmente conquistou o coração da minha mãe.— Eu não posso negar que foi uma noite agradável. — ele diz, ainda sorrindo. — Então... para onde vamos agora?— Nós não vamos a lugar nenhum, senhor Blake. — digo num tom leve, divertido. — Eu

☆ Aneliese Moore ☆— Você tem o meu sim.As palavras escapam da minha boca antes que eu sequer possa contê-las, e meu corpo reage antes mesmo da mente conseguir processar. Meus olhos se prendem aos intensos olhos castanhos de Alexander, profundos como noite sem lua, onde cada emoção parece estar à flor da pele. Seus dedos deslizam por meu rosto em uma carícia íntima, lenta e precisa, chegando até meu queixo. Ele ergue meu rosto com delicadeza e aproxima seus lábios dos meus. Ofego antes mesmo do beijo — e então acontece.Seus lábios tocam os meus com um movimento lento, quase ritualístico, como se cada segundo precisasse ser saboreado. A pressão é suave, delicada, e por um instante permanecemos assim, imóveis, sentindo o calor que irradia de cada toque, cada respiração compartilhada.Então, ele intensifica o beijo de forma sutil, sem pressa, sem urgência. O mundo ao redor desaparece. Sinto o gosto dele — uma mistura envolvente de vinho e menta — enquanto uma de suas mãos desliza para

● Narrador ● Três dias após o beijo.~~~●●●~~~Aneliese passou as mãos pelos cabelos, prendendo-os de qualquer jeito no topo da cabeça. O coque ficou torto, uma metáfora perfeita para o seu estado de espírito. Ela bufou, o som ecoando pelo ambiente silencioso, enquanto o brilho incômodo da tela do computador exibia mais uma notificação de e-mail."Está errado, refaça." — A. R. Blake.Ela piscou duas vezes, como quem esperava que as letras sumissem por pura força de vontade. Não sumiram.Terceira vez. Em três malditos dias. Terceira vez que ela refazia o mesmo maldito documento. Alexander Blake parecia ter feito um pacto com o caos — e estava determinado a cumprir sua parte com maestria. O homem estava impossível, implicando com tudo: o tipo de fonte, o tamanho das margens, até com o espaçamento entre linhas. Tudo era motivo para reclamar.E o pior? Não era nada importante.Era só uma planilha de funcionários.Uma maldita planilha.Mas, a julgar pela seriedade dele, parecia que o futu

● Alexander Blake ●— Eu preciso disso, Jade. Preciso que consiga reservas no Canlis para esta noite. — minha voz sai mais ríspida do que eu gostaria, mas a frustração fala mais alto. Do outro lado da linha, minha irmã praticamente me intimida a confessar como, em nome de Merlin, eu consegui que Aneliese aceitasse sair comigo. — Ofereça o triplo, o quádruplo se for preciso, mas faça acontecer.Ouço seu suspiro irritado, seguido de um comentário ácido sobre a minha mania de dramatizar e minha escolha “absurdamente pretensiosa” de restaurante. Reviro os olhos.— Eu prometo compensá-la, irmã. — digo com um tom mais calmo, embora o nervosismo ainda pulse sob cada palavra. — Só quero que a noite de hoje seja perfeita. Você entende? Ela aceitou sair comigo por vontade própria, e eu... não quero estragar isso.Do outro lado, o silêncio de Jade fala mais que qualquer sermão. Depois de um breve “vou ver o que posso fazer”, a linha fica muda.Permaneço imóvel por alguns segundos, com o celular