● Alexander Blake ●
Observo a mulher à minha frente caminhar em direção ao longo corredor, seus passos silenciosos ecoando pelo apartamento até desaparecerem na curva que, imagino, leva aos quartos.
Ela não precisa olhar para trás — tem plena consciência de que a estou observando. E mesmo assim, não hesita.
Aneliese Moore nunca hesita.
Respiro fundo, forçando meus olhos a se afastarem da direção em que ela sumiu. Deixo meu corpo relaxar contra o sofá, mas a verdade é que não há nada de relaxado em mim.
Cada músculo do meu corpo está desperto, à beira de um colapso controlado.
O ambiente ao redor é o reflexo perfeito dela — um caos silencioso, de uma harmonia quase artística. Os móveis de madeira escura se misturam às paredes em tons de verde e branco, a paleta precisa, equilibrada, como se ela tivesse pensado em cada detalhe e, ainda assim, fingisse que não. Há quadros abstratos pendurados em pontos estratégicos, um tapete espesso sob a mesa de tampo de vidro e uma grande planta junto