Naquele dia, a família Santos organizava uma típica festa de casamento à moda brasileira, exatamente como Carolina sempre imaginara: cheia de cores, música e calor humano.— Também preparamos para você um vestido tradicional de noiva brasileira. Quer provar? — Perguntou Roberto, sorrindo.Carolina já havia percebido que aquele casamento tinha nascido de um mal-entendido. Ainda assim, Roberto e toda a família Santos haviam se dedicado a preparar tudo com cuidado para ela: o som animado do samba, o arco de flores, os convidados calorosos… Uma verdadeira celebração brasileira.Do cenário ao álbum de fotos, passando pelo vestido feito sob medida, tudo provava o quanto haviam se empenhado.Roberto a conduziu até o andar de cima. No caminho, cruzaram com uma jovem delicada, que parecia ter uns dezessete ou dezoito anos.— Mano… — Chamou ela, olhando para Roberto, mas seus olhos claros estavam fixos em Carolina. No canto do olhar, um leve tom avermelhado denunciava que provavelmente chorara h

— Está chateada? O instante de distração de Carolina não passou despercebido por Roberto.Ela balançou levemente a cabeça, fitando aquele homem que lhe era, ao mesmo tempo, tão estranho e tão familiar. Sua presença carregava uma imponência natural, uma nobreza que parecia emanar de cada detalhe, até dos fios de cabelo. Um homem assim, pensou ela, parecia impossível de se igualar, qualquer pessoa ao lado dele sempre pareceria insuficiente.E, no entanto, lá estava ela, por acaso, ocupando aquele lugar. Não era só Isabela que a achava deslocada, a própria Carolina também sentia que aquilo era completamente absurdo.Mas, no fim, ainda bem que tudo não passava de encenação.Ela desviou o olhar e suspirou de leve.— Não… Nós nem estamos nos casando de verdade. Não importa como sua irmã me trate, eu não vou ligar.Algo passou pelo fundo escuro dos olhos de Roberto.— Vamos. Senão perdemos a hora certa.A cerimônia não tinha um protocolo complicado, mas, do início ao fim, Roberto não soltou

No salão de festas da família Rocha, os convidados se dividiam entre cochichos e olhares para o celular, acompanhando a transmissão do casamento de Roberto e Carolina.— A família Santos foi realmente generosa. Só o presente de mudança de tratamento, junto com a cerimônia de joelhos e os outros presentes, deve ter passado de alguns bilhões! — Comentou alguém.— Isso não é nada. O mais valioso foi o prestígio que deram. O Rafael ter dito que a Carolina estava se rebaixando para se casar com eles é que conta. Pensa bem: olhando para trás, qual outra herdeira de família rica recebeu esse reconhecimento? Nem mesmo quando o filho mais velho dos Santos se casou com a filha do homem mais rico do mundo houve algo assim.— A Carolina deve ter rezado muito, por muitas gerações, pra ter uma sorte dessas.— Não é só sorte. Ela merece. Uma família como os Santos não precisa de dinheiro, precisa de prestígio. E ela é campeã mundial, esse tipo de glória não se compra, não importa quanto se pague. Ter

Quando a agitação do dia finalmente se dissipou, a noite pareceu ainda mais silenciosa.Carolina estava com os olhos vermelhos, e na cabeça ainda ecoavam as palavras da avó ao se despedir, antes de voltar para o asilo:— Carol, agora você está feliz. Posso partir tranquila, já dei satisfações para a sua mãe.Ela não queria que a avó partisse com arrependimentos, e a avó, por sua vez, não queria que, no outro mundo, a própria filha ficasse com o coração inquieto.Carolina não sabia quem era o pai. Quando criança, chegou a perguntar, mas a resposta da avó foi curta: morreu.Aquelas duas sílabas, ditas de forma tão seca, lhe deixaram claro que ele não tinha morrido de fato… Apenas não existia na vida da avó.Nunca mais perguntou. Passou a considerá-lo morto e a viver apenas com duas figuras de família: a mãe, de quem não guardava lembrança alguma, e a avó.— Senhora… — A batida na porta a tirou dos pensamentos.Carolina rapidamente enxugou os cantos dos olhos e disse:— Pode entrar.A emp

Quando Carolina saiu do banheiro, encontrou Roberto meio recostado na cabeceira da cama, lendo. Havia um par de óculos sem armação apoiado no nariz, e as lentes delicadas suavizavam a imponência dos traços dele.Mesmo assim, o coração dela continuava acelerado, além do que suportava.Ela tinha se preparado para tudo… Mas estar decidida e realmente agir eram coisas muito diferentes. E, nesse tipo de situação, não era ela quem podia tomar a iniciativa.— Vai ficar aí de pé a noite toda? — Roberto ergueu levemente as pálpebras, e o olhar escuro pousou nela.Carolina vestia o pijama que haviam deixado no quarto para ela. Não era um modelo provocante, mas o tecido de seda, com ombros e costas à mostra, fez com que, sob o olhar dele, a pele exposta parecesse arder.Ela baixou os olhos para não o encarar e apressou-se a contornar a cama, subindo pelo outro lado.Mesmo com o corpo leve e delicado, o colchão macio afundou um pouco sob seu peso, fazendo até o livro que ele segurava se mover.Car