Gael LubiancoEstava sentado no sofá com o celular entre as mãos, encarando a tela apagada, sentindo o coração bater como se quisesse me lembrar de que ainda estava vivo, ainda que preso a uma mistura amarga de medo e alívio. Meu pai estava de pé, perto da janela, observando o jardim lá fora. A luz do fim da tarde atravessava o vidro, banhando o rosto dele num tom dourado, e por um instante eu quase o vi como antes, o homem forte, imponente, que parecia saber o que fazer diante de qualquer crise. Mas o tempo havia levado isso, e o que restava agora era um homem cansado, mas determinado. Determinado a encarar, enfim, o próprio passado. — Tem certeza que quer fazer isso hoje? — perguntei, ainda sem coragem de olhar para ele. Meu pai se virou, cruzando os braços. — A verdade não escolhe hora, filho. — respondeu, com firmeza. — E já adiamos isso tempo demais. Balancei a cabeça, pos ele estava certo, mas saber não tornava as coisas mais fáceis. Peguei o celular, respirei fundo e disque
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