Gael Lubianco Hoje era um dia importante, talvez um dos mais importantes da minha vida. O tipo de dia que a gente espera e teme ao mesmo tempo. A sala do advogado parecia pequena demais para o peso que havia no ar. As paredes pareciam se fechar em volta de mim enquanto o envelope branco, sobre a mesa, esperava para ser aberto.Depois de anos com aquela dúvida corroendo por dentro, finalmente eu iria descobrir a verdade: os gêmeos eram meus filhos… ou do meu pai?Respirei fundo algumas vezes, tentando acalmar a ansiedade, e pedi que meu pai abrisse o envelope. Eu simplesmente não tinha coragem. Meu coração batia tão forte que o som parecia ecoar pelos ouvidos. Queria acreditar que eles eram meus. Queria, de todo jeito, que o amor que eu sentia por aquelas duas pestinhas não fosse manchado por uma dúvida cruel.Meu pai abriu o envelope com calma demais para o meu gosto. A cada segundo que ele demorava para falar, mais eu me sentia sufocado. Ele leu a folha atentamente, sem esboçar nenh

Aquele sorriso travesso me deixou curioso, inquieto. Leandra parecia esconder um segredo que fazia seus olhos brilharem como nunca, e isso me deixava ainda mais intrigado.— Espere um minuto — ela disse, levantando-se com uma leve dificuldade por causa da barriga já evidente.Enquanto ela caminhava até o quarto, observei os gêmeos brincando com uns bloquinhos coloridos no tapete da sala. O som das risadinhas deles enchia o ambiente de uma leveza que eu nem sabia que sentia falta. Era impressionante como dois seres tão pequenos conseguiam apagar qualquer sombra do cansaço que me acompanhava nos últimos dias.Leandra voltou logo em seguida, segurando um envelope branco. Ela se sentou ao meu lado e, com aquele mesmo sorriso misterioso, me entregou. Abri com cuidado, e assim que meus olhos caíram sobre a imagem em preto e branco, meu coração acelerou.— Dois? — perguntei, piscando várias vezes, achando que talvez estivesse vendo errado.— Sim — ela respondeu com um ar doce, inclinando a c

Acordei sendo guiada pelo cheiro inconfundível de café fresco. Saí rapidamente do quarto, calçando as pantufas no caminho, e encontrei Charlotte na cozinha, de avental, cantarolando algo em francês enquanto mexia na cafeteira. Ela se virou ao me ver e abriu um sorriso acolhedor.— Bom dia, minha querida! Dormiu bem? — perguntou, servindo duas xícaras fumegantes.— Acho que você dormiu melhor do que eu — brinquei, sentando-me ao balcão. — Resolveu suas pendências com o James?Ela deu um sorrisinho satisfeito e assentiu.— Sim! Tivemos uma longa conversa e finalmente acertamos os ponteiros.— Fico feliz por vocês — respondi sincera. — Assim Gael também fica mais tranquilo. Ele sempre fica aflito quando sente tensão entre vocês.Charlotte soltou um suspiro leve.— Verdade. Aquele menino sempre sofreu com as nossas brigas. Mas agora está tudo bem. — Ela me olhou com ternura. — E você, como está se sentindo, Leandra? Tem se alimentado direito?— Tenho, pode ficar tranquila — disse, sorrind

Lorenzo LubiancoO som das notificações não parava de vibrar na tela do meu celular, e eu confesso que aquele frenesi me alimentava. Cada e-mail respondido, cada mensagem confirmando presença na reunião que eu havia convocado era como um lembrete de que, finalmente, as peças estavam se encaixando.Fazia tempo que esperava por esse momento. Desde que Gael assumiu a presidência, tudo girava em torno dele. O queridinho da empresa, o herdeiro exemplar, o filho que todos admiravam. O “homem de ouro” da família Lubianco. Pois bem, o ouro agora começava a perder o brilho.Peguei o celular e liguei para a secretária executiva, uma mulher prestativa demais para o próprio bem.— Bom dia, Sandra. Confirme com todos os diretores: a reunião será amanhã, às nove. — Disse em tom firme, cruzando as pernas e apoiando o cotovelo no braço da poltrona.— Senhor Lorenzo, alguns diretores mencionaram que seria mais prudente esperar o retorno do senhor Gael ao Brasil para tratar de assuntos dessa magnitude

Gael Lubianco Saímos da clínica com aquele ar de leveza que só um ultrassom perfeito proporciona. Eu segurava o envelope com as fotos das meninas como se carregasse ouro puro e, honestamente, era ainda mais valioso que isso.Leandra caminhava ao meu lado, serena, mas havia algo nos olhos dela… um misto de alívio e preocupação. Sabíamos que viveríamos um momento especial da gestação, mas o mundo lá fora não parava porque estávamos felizes. Lorenzo estava agindo. E eu precisava estar preparado.As pequenas mãos dos meninos seguravam as nossas enquanto atravessávamos o estacionamento.— Papai… — Bruno puxou minha calça — a gente vai comê?— Vamos sim, filho. — respondi bagunçando seus cabelos. — Vocês querem comer o quê?— Batata. — Breno disse imediatamente.— E hambugui. — Bruno completou, com o “r” embolado que eu adorava.Olhei para Leandra, que riu.— Eles são viciados nisso.— Eu também. — pisquei. — Então está decidido.Coloquei todos no carro e seguimos. Durante o caminho, Lean