O som abafado dos passos ecoava pelos corredores da sede da empresa de biotecnologia enquanto a comitiva diplomática de Al-Qadar se deslocava para o próximo compromisso. Sheik Zayn Al-Rashid caminhava com firmeza ao lado de Isabela, seguido por Kareem e os demais diplomatas. Do lado de fora, os carros já aguardavam, alinhados em perfeita formação, como uma extensão da presença imponente daquele homem que carregava o deserto no olhar e o mundo nas mãos.No trajeto até o novo evento — uma recepção organizada pelo empresariado local e figuras influentes do setor de energia renovável — Isabela manteve os olhos voltados para a paisagem urbana, mas os pensamentos estavam presos ao homem ao seu lado. O olhar de Zayn, mesmo quando silencioso, parecia atravessá-la. E não apenas pela beleza dele, mas pelo mistério que se prendia àquela aura. Havia algo nele que despertava nela uma mistura de alerta e atração.Ao chegarem ao local — um prédio de arquitetura moderna e linhas limpas, com grandes p

luz suave da manhã filtrava-se pelas persianas da janela, tingindo o quarto de tons dourados e quentes. Isabela estava acordada, mas permanecia deitada. Seus olhos fixos no teto branco, sentindo o peso da noite anterior ainda presente em sua pele. O perfume de jasmim que usara na noite passada ainda pairava no ar, misturado ao aroma sutil dos lençóis lavados.Não fora um sonho. A caminhada com o Sheik Al-Rashid, o jardim silencioso, os olhares... tudo era real. Real demais. E isso a deixava inquieta.Ela se sentou na cama, puxando os joelhos contra o peito. Tentava se convencer de que aquilo não passava de uma relação profissional. Que Zayn apenas exercia sua cortesia diplomática. Mas nenhuma lógica era suficiente para conter o calor que se formava dentro do seu peito toda vez que lembrava da maneira como ele a olhara, tão de perto, sob a luz amarelada dos lampiões do jardim.Quando finalmente se levantou, fez tudo devagar: o banho morno, a escolha da roupa, a maquiagem discreta. Como

O salão da Fundação de Relações Bilaterais parecia saído de um filme antigo: tetos abobadados, lustres de cristal refletindo luz morna e o som do quarteto de cordas preenchendo o ar com elegância medida. O cheiro de flores frescas se misturava ao perfume caro dos convidados, e Isabela sentia-se estranhamente deslocada naquele cenário, como uma peça de outra coleção.O sheik teve uma reunião a portas fechadas com o ministro da Fazenda brasileiro. O inglês foi a língua escolhida para a conversa, tudo para que não houvesse mais pessoas do que o necessário nela. Ela entendeu que deveria ser um assunto importante e, por isso, estava ali, à espera dele.Mas ela mantinha a postura — o queixo erguido, os olhos atentos e os gestos comedidos. O vestido que escolhera era sóbrio, azul-escuro, com detalhes discretos na barra e nas mangas. Os cabelos presos em um coque frouxo permitiam que alguns fios escapassem, suavizando sua expressão tensa.Zayn chegou pouco depois e, como sempre, o ambiente pa

O som do tapa ainda reverberava pelas paredes da suíte.Zayn permanecia parado, olhando para a porta por onde Isabela havia saído, os olhos escuros fixos e distantes. A mão repousava calmamente sobre a bochecha onde ela o atingira — não com força física, mas com a intensidade de uma emoção que ele mesmo provocara.Um leve sorriso desenhou-se em seus lábios.Kareem entrou em silêncio, os passos discretos como sempre. Parou ao vê-lo naquele estado, sem compreender se aquilo era raiva, decepção ou... satisfação.— Deseja que eu vá atrás dela, senhor? — perguntou com sobriedade.Zayn desviou lentamente os olhos para ele e sorriu, mais largo, sem qualquer sinal de tensão.— Não precisa. Ela vai voltar.Kareem inclinou levemente a cabeça, respeitoso, mas com uma sombra de dúvida nos olhos.— O senhor acha que ela é a certa, senhor? — ele perguntou com voz contida.Zayn olhou para ele. Kareem trabalhava com ele havia doze anos. Se houvesse alguém que conhecia cada parte de sua história, cada

— Eu não entendo senhor Al- Rashid, o senhor me quer como sua secretária pessoal, que eu trabalhe na sua empresa e também me quer como sua submissa, que eu entregue minha vida ao senhor e o que eu ganho em troca?Isabela olhou para ele com dor.— Eu poderia ressaltar o dinheiro que vai ganhar, mas acho que isso não chamou sua atenção, então vou dizer assim, sua liberdade de tudo que te prende nesse país, estou entregando a senhorita uma alternativa como disse, sem lutar pelo pão de dia, sem sobreviver no calor sem reconhecimento, estou aliviando seu fardo, para que o mundo veja a extensão que Isabela Vasquez é, mas também posso te falar sobre o que ganhará financeiramente ao meu lado, sua família será muito bem assistida, pode ligar dia e hora que quiser, não estou te prendendo e não vou te raptar, perseguir, nem nada, terá sua vida, claro Al-Qadar não é São Paulo, é um local seguro, não há roubos e nem mortes. Mas, as pessoas vão ver nossa proximidade, e vão querer atingir alguém mai