Anna esteve na minha mente o dia inteiro. Desde que ela entrou na minha sala esta manhã, com aquele olhar curioso e determinado, percebo que estou lutando uma batalha perdida. Tento me manter profissional, mas cada detalhe dela me desconcentra — o jeito como prende o cabelo, o toque delicado dos dedos ao folhear papéis, a forma como o perfume dela permanece no ambiente mesmo depois que sai.O comentário de Helena ainda ecoa em mim: "Você fala dela o tempo todo." Talvez eu realmente fale. Talvez eu pense mais nela do que deveria.Por volta das seis da tarde, vejo Anna guardando os papéis da mesa dela. A maioria dos funcionários já foi embora, e um impulso me domina. Antes que eu possa racionalizar, chamo: — Anna.Ela para, se vira e me encara com aqueles olhos castanhos que sempre me desarmam. — Sim, senhor?— Está com planos para hoje à noite?Ela franze o cenho, surpresa com a pergunta. — Não exatamente… por quê?— Quero conversar sobre a fusão com a startup de IA. — Minto pel

A última semana foi uma tortura. Ver Anna todos os dias, trabalhar lado a lado com ela, fingindo que aquele beijo não aconteceu, é como tentar conter uma tempestade dentro de mim. Mas esta noite… Esta noite, não vou mais lutar contra isso.O jantar terminou, mas eu não tenho vontade de deixá-la na porta de casa e simplesmente dizer boa noite. Ela está ao meu lado no carro, com aquele vestido vermelho que abraça o corpo dela como se tivesse sido feito sob medida. Seus cabelos estão soltos, caindo como seda sobre os ombros, e cada vez que ela me olha, sinto uma faísca acender entre nós.— Anna… — Digo, parando o carro na frente do prédio dela. — Eu não quero que essa noite acabe aqui.Ela me encara, os lábios entreabertos, respirando mais rápido. Não há hesitação nos olhos dela, apenas desejo. — Nem eu. — Ela sussurra.Apenas isso é suficiente. Sem pensar muito, viro o carro e a levo para meu apartamento.Quando entramos, há um silêncio carregado. Fecho a porta atrás dela e por

Eu sabia que cedo ou tarde isso iria acontecer. Meu tio Augusto sempre aparece quando menos quero vê-lo, e hoje, logo pela manhã, ele está sentado na sala de reuniões do décimo andar, como se fosse o dono do lugar.— Gabriel. — Diz ele, levantando-se quando entro. — Precisamos conversar.Sua expressão séria não me surpreende. — Bom dia para você também, tio.— Não estou aqui para formalidades. — Ele me encara, cruzando os braços. — Já passou da hora de você se posicionar sobre o compromisso com a família Andrade.Fecho os olhos por um segundo, respirando fundo. — Eu já disse que não quero isso.— Você não tem escolha. — Augusto rebate, firme. — Essa união foi pensada há anos, seu pai acreditava que seria o melhor para os negócios. A fusão entre as empresas depende desse acordo.— Eu não sou uma moeda de troca! — Minha voz sai mais alta do que pretendo.Enquanto ele fala sobre contratos e heranças, minha mente está longe — mais precisamente, em Anna. Na forma como ela me olhou onte

A manhã começou como qualquer outra, mas eu sentia que algo dentro de mim havia mudado. Uma mistura de nervosismo e expectativa tomava conta do meu corpo.Era cedo demais para ter certeza, mas eu não podia ignorar os sinais.Com as mãos trêmulas, segurei o pequeno teste de gravidez enquanto esperava o resultado. Os segundos pareciam horas.Quando duas linhas apareceram, o mundo ao meu redor ficou em silêncio.Eu estava grávida.Senti um turbilhão de emoções. Alegria, medo, ansiedade, esperança… tudo misturado.Essa criança era a prova viva do nosso amor, da noite em que nos entregamos completamente, da paixão que nos uniu.Mas também era o começo de uma nova realidade, cheia de desafios que eu ainda não sabia se estava pronta para enfrentar.Decidi que precisava contar para Gabriel o quanto antes. Ele merecia saber, e eu precisava do apoio dele.Quando o vi no escritório, meu coração quase saiu pela boca. — Gabriel… — comecei, tentando controlar a voz.Ele percebeu a tensão no me

Os dias após nossa separação foram como caminhar numa névoa espessa, onde cada passo parecia pesar uma tonelada. Voltar para o escritório sem Anna ao meu lado tornou tudo ainda mais difícil.Aquela ausência preenchia cada canto, lembrando-me de tudo que havia perdido.No começo, tentei me concentrar no trabalho, nas reuniões e decisões. Mas cada documento, cada e-mail, parecia ter o rosto dela estampado, me cobrando, me chamando para uma vida que eu havia deixado escapar.Helena vinha frequentemente até mim, tentando me animar, mas mesmo ela percebia que algo estava quebrado dentro de mim.— Você não pode viver preso ao passado, Gabriel. — Ela dizia, com firmeza.— Eu não quero esquecer, Helena. Só queria que as coisas fossem diferentes.O tio Augusto continuava sua campanha para que eu me afastasse de Anna e retomasse o noivado arranjado.Ele convocou reuniões com os principais investidores, pressionando para que eu cedessem às suas exigências.— Sem um casamento estratégico, o futu