Vozes Que Precisam Ser Ouvidas A delegacia estava menos caótica naquele horário, mas o clima ainda era de guerra encerrada, não de paz. Havia passos, portas abrindo e fechando, telefones tocando — tudo em ritmo contido. Thomas conduziu Eloise primeiro. A sala de depoimento era fria, iluminação branca demais, cadeira desconfortável — propositalmente. Eloise respondeu tudo com clareza. Vez após vez, revivia pedaços — mas agora não tremia. Havia aprendido, naquele penhasco, que ela não era mais vítima. Era sobrevivente. E sobreviventes falam de cabeça erguida. Depois foi a vez de Augusto. Eloise ficou na sala de Thomas, sentada no sofá de couro escuro, mãos cruzadas sobre a barriga — um gesto que ela nem percebia que fazia. Na sala de Interrogatório Thomas fechou a porta, tirou o rádio e o coldre, deixando sobre a mesa. Era sinal de que aquela conversa não era apenas policial. — Ela está bem? — Thomas perguntou. Augusto assentiu, mas respirou como quem es
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